- Não considero aceitável que se faça(m) greve(s) nos dias das provas e, portanto, às mesmas indirectamente: a greve é um meio de protesto, não de sabotagem e/ou decisão; se querem governar os dirigentes têm de reunir assinaturas, criar um partido e ganhar legitimidade nas urnas, tal como qualquer outro cidadão;
- Acho que temos de facto necessidade de mecanismos de avaliação de professoresm assim como de (quase) todas as outras funções públicas. No entanto, não deixo de considerar demasiado simplista e aleatória uma selecção baseada num único exame;
- Em relação aos resultados da prova não partilho o choque e indignação que muitos parecem sentir relativamente aos errors ortográficos. Sim, o Ministro não mentiu quando disse que cerca de 75% dos textos têm erros ortográficos. Mas também é verdade que mais de 80% deles têm menos de cinco. A pontuação ainda me preocupa menos; durante anos levei correcções de pontuação com as quais não concordava, e continuo hoje a discordar (esta frase não passaria no escrutínio btw). Pode ser só um mix próprio de ignorância e arrogância, ou pode ser que a correcção da expressão escrita seja mais subjectiva do que se quer fazer passar (não resisto a mencionar Saramago).
- Deparei-me com uma notícia do jornal I chamava a atenção para três perguntas para as quais a percentagem de respostas certas nãoo chegou aos 30% (para cada uma). Estes números parecem-me bastante chocantes, já que as perguntas, embora possam parecer abordar Matemática ou futebol, apenas dizem respeito a lógica elementar.
- Acho extremamente preocupante que, segundo fontes oficiais (ver primeiro link), tenha havido 18% de respostas em branco ao item de resposta extensa orientada (vulgo composição) e de 77% de respostas que não cumpriram o limite mínimo de palavraas pedidas.
Agora sim, vamos ao assunto em mente. A greve à vigília da PACC há muito que estava anunciada, e já opinei sobre a sua legitimidade no primeiro ponto. Quero aqui focar-me noutro aspecto. Teoricamente, cada docente decidiu em consciência se participa ou não na greve, com base em considerações ideológicas. Mas olhem bem para os panfletos a publicitar a mesma. Imaginem o que é estarem a deslocar-se para o local de trabalho e receber, de um colega, um papel com slogans como "Não aceites ser carrasco dos teus colegas". Talvez por estarmos a falar de professores, o assunto fez-me lembrar as praxes. Em teoria, todos são livres de não participar. Na prática, a pressão social para que tal aconteça é brutal.
Estes reforços adicionais, captados por este meio, tornam mais difícil avaliar a aderência a uma dada greve, e consequentemente avaliar a sintonia dentro da classe referente ao assunto que a motivou. Numa altura em que estas já estão descridibilizadas pela crença popular (e verdadeira) de que muitos fazem greve não por concordância ideológica, mas por conveniência (mais um dia de férias cai sempre bem) torna-se cada vez mais difícil levar os números a sério.
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