domingo, 23 de outubro de 2011
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Politiquices
Neste momento os portuguese revelam-se indignados com as novas medidas de austeridade anunciadas pelo novo Governo. A indignação das pessoas é perfeitamente perceptível face à postura dos políticos portugueses. Quando estão no poder (descartando uma ou outra situação mais dúbia) esforçam-se for atinar as contas com medidas de austeridade e invocam o interesse nacional. O que faz sentido. Mas a oposição apenas diz (sempre) que nos estão a roubar, que querem matar o povo, ou a classe média, ou os professores, ou seja o que for que estão a cortar na altura (já que, estando na oposição, podem dizer o que lhes apetecer então aproveitam para dizer aquilo que dá votos). Depois muda o partido no poder e trocam simplesmente.
Se virmos os discursos do PS de agora parecem os do PSD de há uns meses atrás e vice-versa. Portanto claro, se estamos anos a ouvir X a dizer que Y é um cretino e um ladrão por estar a fazer cortes e quando o metemos no poder corta ainda mais é normal que se estranhe e custe a entranhar. Claro que era mais que óbvio que isto ia acontecer, e era bastante fácil filtrar a demagogia política de entre os discursos. Vem-me particularmente À cabeça o debate Sócrates-Coelho em que o actual PM insistiu repetidas vezes que a descida da TSU não precisava de ser compensada por outros factores. Agora diz que não o pode fazer (em números não desprezáveis vá) porque não o consegue compensar. Lá está, já era perfeitamente óbvio que aquilo era treta e é bom que as pessoas se vão habituando a filtrar e a pensar e procurar informação individualmente o máximo possível para se resguardarem desses casos. E também é importante perceber que nem Sócrates era uma espécie de demónio satânico que nos queria roubar o dinheiro todo nem Passos Coelho é algo anjo enviado para nos salvar. Ambos são somente homens e acredito que, regra geral, ambos tentaram/tentam fazer aquilo que julgam melhor para o país.
Essa diferença entre o dito e o feito a que vulgarmente se chama politiques é consequência directa da democracia, só se vai para o poder se votarem em nós e os votos ganham-se com palavras. E não digo isto num sentido de critíca negativa. Imaginemos uma situação hipotética em que somos uma espécie de Deus, isto é, somos dotados da verdade absoluta e sabemos exactamente que medidas tomar para salvar/melhorar o estado do país. Mas também sabemos que, se as anunciarmos, nunca chegaremos a ter os votos que precisamos para as implementar. Não seria nosso dever moral mentir para obter os votos que nos permitiriam então chegar ao "bem maior"?
Claro que essa hipotética situação é, no mínimo, desviada da realidade e, vá, estúpida. Mas ilustra bem aquilo que quero dizer. Há uma linha que separa o patriotismo e a coragem da arrogância, desonestidade e obstinação. Mas não é uma linha toda colorida como as da ZON, é bem cinzenta e por vezes difícil de discernir. Há falta de confiança nos políticos em Portugal? Sim, certamente. Essa falta de confiança tem razões de ser? Sim também provavelmente. Essa desconfiança é exagerada? Sem dúvida. Há, a meu ver, também muita incompreensão da classe política e com os seus difíceis dilemas. Não é fácil lutar contra repetidas reinvidicações irrealistas da oposição, dos sindicatos e, por vezes, do próprio povo. E não é fácil gerir um país só por si. Existe corrupção? Certamente que sim. Mas a (incomparavelmente) maior parte dos nossos problemas não vem daí mas sim da repetida má gestão que temos tido temos o início da 2ª República. Desde 1974 que não tivémos um único (1!!!!) ano sem défice. Nem um único ano com execução orçamental positiva. E contam-se pelos dedos de uma mão os anos em que este foi menor que 3% . Para melhor ver e compreender este e outros problemas crónicos do nosso país aconselho todos os leitores interessados a lerem o livro do nosso actual ministro da economia, Portugal na Hora da Verdade (até porque é interessante ver algumas diferenças entre o que apregoava no livro e o que se está a fazer agora).
Outra questão interessante de analisar é a da forma de corrupção mais comum, isto é, o compadrio. Todos nos revoltamos contra as situações em que são atribuídos cargos importantes e bem remunerados a pessoas pela sua afiliação política e/ou ligaçãos de amizade/família. Mas ninguém se queixa do empregado da MacDonald's que não regista o hamburguer que oferece ao seu amigo. Ninguém se queixa do amigo que atende o amigo da vizinha que está doente sem consulta marcada, passando à frente de todos os que já lá estavam à espera. pelo contrário, será mal visto pelos vizinhos e amigos e familiares se se recusar a fazer estes "favores". Que mais não são do que a mesma forma de corrupção. Apenas se altera o cargo, e portanto a amplitude dos favores que conseguem fazer. Não quero com isto sugerir que se prendam estas pessoas ou se desculpem as outras. Apenas acho que é bom avaliar tudo de uma perspectiva mais geral e imparcial, de modo às nossas críticas não perderem o seu valor.
E pronto, em pouco mais de 10 minutos já deu para encher isto tudo, o que só prova a facilidade com que se mandam bitates de política neste país. Aproveitem que o tema não volta a entrar aqui tão cedo.
Filipe Baptista de Morais
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Incompreensível
Para os que na tranquilidade das suas férias* ainda não ouviram falar em tal coisa passo a explicar. Tourear um carro consiste, como o nome indica, em pegar num pano vermelho, vestir (ou não) uma daquelas jaquetas ridículas, saltar para o meio de uma via rápida ou auto-estrada e fingir que os carros são touros.
Que leva as pessoas, maioritariamente jovens, a arriscar a vida desta maneira? Ao contrário do D.Quixote que fazem relembrar estes cavaleiros do século XXI não têm perturbações mentais. Pelo menos não no sentido convencional do termo. Também não são pagos para o fazerem, o que poderia explicar tudo pois os efeitos da ganância já são mais do que conhecidos. Aparentemente tudo o que pretendiam ganhar com essa aventura era um grande número de views no youtube, ou likes no facebook.
É o desejo de fama tão intenso que leva as pessoas a cometer estes actos, para serem vistas por milhões de pessoas que nunca se darão ao trabalho de saber o seu nome e passado uma semana provavelmente já nem se lembra do vídeo? Sentir-se-iam tão sozinhos que ansiavam de modo intenso qualquer contacto ou reconhecimento, ainda que virtual, com outros seres humanos? Nunca conheci nenhum destes toureiros e, portanto, a resposta escapa-se-me. Se é que há resposta. Por vezes há coisas que estão simplesmente para lá da nossa compreensão.
No mesmo mês em Oslo, Noruega, um fanático cristão com um ainda mais fanático ódio xenófobo plantou uma bomba no centro da cidade, antes de se dirigir à ilha de Utoya e matar dezenas a tiro. No total as mortes quase que ascenderam a uma centena.
À primeira vista isto não parecia fazer sentido nenhum. Como é que o ódio pelos estrangeiros leva ao assassínio dos seus compatriotas? Depois veio a explicação, a bomba foi plantada para atingir o gabinete do primeiro-ministro e a ilha estava ocupada pela juventude do partido no poder, partido esse que era defensor das fronteiras abertas. Mas isto não explica nada. Noventa e dois mortos não fazem sentido e não há explicações que possam mudar isso. Pessoalmente, é um alívio estes actos serem de todo incompreensíveis: seria assustador se entendêssemos de algum modo estes monstros.
Seria de pensar alguém capaz destes actos nunca teve um momento de felicidade na vida, para ser capaz de privar tantos da sua. Mas não, como começa a ser costume nestes casos os vizinhos dizem tratar-se de uma pessoa perfeitamente normal, simpático e sorridente. Enfim, incompreensível.
Filipe Baptista de Morais
* Este texto foi escrito originalmente a 9 de Agosto (em papel), daí o aparente desfasamento temporal. De facto, raramente escrevo directamente aqui no blog pelo que as datas de publicação (quase) nunca coincidem com as verdadeiras datas de escrita. Nunca mencionei isto antes porque é daqueles facto que não interessam a ninguém; neste caso no entanto pareceu-me oportuno explicar a alusão às férias em meados de Outubro.
Maratona do Algarve
Este fim-de-semana decidi finalmente experimentar correr a maratona completa, em toda a sua extensão.
As condições não eram más: o vento ajudava a suportar o calor, o percurso era bastante plano e havia postos de abastecimento de 5 em 5 Kms. Curiosamente eram proibidos auriculares na prova, pelo que tive de deixar de parte o meu Ipod (e portanto também as suas funções de pedómetro e velocímetro) e levei apenas o meu cardiofrequencímetro.
A prova começou bastante bem, sentia-me confiante e ao terminar a 1ª volta (21Kms) estava em óptimas condições de cumprir com o meu desafio pessoal. No entanto esta confiança revelou-se excessiva (porventura consequência da minha inexperiência), o que aliado ao meu passo demasiado irregular (que podem verificar nas tabelas abaixo) e ao forte calor que se começou a fazer sentir comprometeu irremediavelmente o meu desempenho.
Assim, pelo 28º Km comecei a “morrer” (mais uma vez podem verificar as tabelas) e ao chegar ao 35ºKm já mal conseguia andar com as dores nas pernas e decidi que não tinha condições para terminar a prova. Desisti portanto. Curiosamente esta era a powersong que tinha escolhido para a corrida.
Mais do que as dores nas pernas (escrevi isto no comboio de regresso, portanto ainda as sinto) magoa o orgulho ferido. Nunca tinha desistido numa prova de atletismo, e acreditava realmente que nunca o faria. Mas pronto, há-de haver outras oportunidades. Embora provavelmente não me meta noutra tão cedo, hei-de completar uma maratona.
Só numa de despejar algumas estatísticas tão engraçadas quantos inúteis: durante o exercício os meu BPM médios foram 158, com 195 de máxima e 58 em repouso antes de iniciar a prova. Isto significa que o meu coração bateu 28782 vezes enquanto corria. Parece ainda que queimei 2227KCal, o que pode explicar porque é que estava cheio de fome no final.
Tabelas:
Filipe Baptista de Morais
PS: embora não me tenha afectado a mim devido à desistência houve um incidente algo grave que provavelmente afectou a prova de muitos atletas. Um atraso numa das carrinhas de abastecimento fez com que os postos de apoio esgotassem as suas águas, pelo que não havia águas a partir do 31º Km. É chato.
PS2: um agradecimento especial ao voluntário da carrinha de abastecimento que me deu boleia até à meta, e me deixou usar o seu telemóvel.
sábado, 1 de outubro de 2011
Meia Maratona de Portugal
Nome da Prova: Meia Maratona de Portugal
Comprimento: 21Km
Data: 25 de Setembro de 2011
Objectivos Mínimos: -1h35m
Desafio Pessoal: -1h30m
Melhor Tempo em Provas Semelhantes: 1h31m45s
Uma vez vi um atleta de alta de competição dizer para a televisão que numa prova nunca estamos a 100%. Ou a época de preparação não correu como queríamos, ou o pequeno-almoço caiu-nos mal, ou a nossa namorada de há 7 anos acabou connosco, ou está demasiado frio, etc, etc... Há sempre um rol interminável de desculpas que podemos usar para justificar os nossos desaires, assim como para continuar a acreditar que poderíamos fazer melhor. Assim sendo também posso deixar aqui tudo o que correu mal nesta prova: a época de preparação (ou falta dela), não dormi bem nem na véspera nem nos dois dias anteriores, não consegui encontrar a minha braçadeira para levar o Ipod (lá se foi o velocímetro) e, mais importante, estava demasiado (!) calor. Para além dos problemas recorrentes destas provas, como o percurso com algumas subidas estrategicamente colocadas e o sempre presente caos na momento da partida.Seja como for consegui não perder muito tempo na confusão dos primeiros 3Km, tendo recuperado essa diferença até ao 7º Km. De notar que nesta altura estava a apontar para uma média de 4m15s / Km, que me permitiria atingir a marca de 1h30m com ainda alguma folga. Fiquei bastante feliz por, mesmo sem o velocímetro, ser capaz de definir o meu ritmo de corrida aos valores necessários. Assim, após recuperar o atraso, consegui fazer vários quilómetros com parciais a variar entre 4m7s - 4m22s.
Foi quando cheguei perto dos 12Km (infelizmente apaguei sem querer o meu registo dos parciais, pelo que não posso fazer uma análise detalhada) que tudo começou a descarrilar, já que as pernas começaram a deixar de responder. Aqui tentei um pouco de tudo: pastilhas da Isostar, Powerade no ponto de apoio dos 12Km, banana e laranja no dos 13Km. Mas tudo isto não fez mais do que permitir breves alívios, e no final terminei a prova já com parciais acima de 5m / Km. Cruzei a meta com o cronómetro a marcar 1h35m17s pelo que, não tendo batido o meu record pessoal, bati o meu record nesta prova e fiz o meu 2º melhor tempo de sempre. Não foi (demasiado) mau portanto.
Filipe Baptista de Morais