terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Estofo de Campeão

Todos já sentimos os efeitos negativos da pressão em momentos importantes. Quem joga futebol sabe o que sente ao marcar um penalty num encontro importante. Quem joga ténis sabe o que sente ao servir num match point. Quem não joga nada certamente que teve a mesma sensação noutras situações distintas mas, com a gentil permissão do leitor, a modos que gostaria de me focar no desporto.
É curioso como, nos momentos determinantes, a nossa mente responde da pior maneira possível, fazendo com que a necessidade de não falhar aumente drasticamente a probabilidade de isso acontecer.
Ora, se já é complicado manter a cabecinha no sítio quando se tá a jogar contra a equipa da rua em frente com a nossa namorada/namorado (não há discriminação neste blog!) que sentirá um jogador profissional com milhares de olhos postos em cima, e sabendo que milhões o verão na televisão? Arrepia-me pensar no que sentiu Terry ao falhar aquele penalty contra o Manchester, ou Abel Xavier(aka Faissal) ao ver a bola tocar-lhe na não no célebre jogo contra a França.
É precisamente nestes momentos que se revela (ou se nota a falta) do estofo de campeão, a frieza para concretizar em momentos de pressão. Embora não tenha sido a minha escolha para carreira profissional, a psicologia é uma área que me interessa bastante, sendo a psicologia desportiva um dos seus ramos mais fascinantes. E, acreditem, o treino físico e técnico é apenas uma parte daquilo que se espera de um treinador, e nem sempre (ou talvez nunca!) o mais importante. Afinal, como nunca me canso de dizer e escrever, 50% é atitude! O futebolista precisa de garra, o tenista de acreditar, o boxer de confiança e concentração e qualquer atleta no geral precisa de estar psicologica e emocionalmente em forma para ganhar. Se entras derrotado, não podes sair vencedor.
Deste ponto de vista, acho mais interessantes os desportos individuais do que os colectivos, pois creio que são mais desgastante moral e psicologicamente. Num jogo de futebol, volley, basket, (whatever) que esteja a correr mal podemos sempre ter a "sorte" de que os nossos companheiros puxem por nós, seja puramente de forma anímica seja através de acções/resultados (ex:fazer empate). Num desporto singular essa força tem de provir de nós: das nossas pernas, dos nossos pulmões, e, essencialmente, do coração e da alma. O tenista que entrenta um breakpoint não pode esperar que alguém lhe salve o serviço. Nem pode serir enquanto faz contas de como ficará o resultado se perder o tempo. Tem antes de fixar os olhos no adversário para que este se aperceba da sua determinação e convicção de que o resultado se irá inverter.
Acredito que, para nos mantermos competitivos, temos de ser um pouco arrogantes interiormente. É certo que é um pouco ridículo repetir-mos a nós próprioes "epah este gajo não joga nada" quando ele nos dá a dar uma tareia, mas tal é sempre melhor do que sentirmo-nos derrotados antes do final da partida. Se deixarmos de acreditar que podemos vencer, ninguém acreditará e, pior, todos teremos razão.
Quando nos encontramos no topo, por vezes sucede o inverso. A mente dispersa-se, pensamos na marca de champagne que vamos comprar para celebrar em vez de nos focarmos em finalizar a partida. Ou pior, entrar para a partida com a sensação de já a ter ganho. Atenção! Entrar acreditando que vamos ganhar é muito diferente de entrar como se ja tivéssemos ganho. Um dia disseram-me que sempre que um treinador diz "estamos confiantes do nosso valor" antes de uma partida dá barracada. É preciso confiança, certamente, mas não demasiada, pois subestimar o adversário pode ser tão perigoso como substimarmo-nos a nós próprios.

Filipe Baptista de Morais

3 comentários:

  1. 1->Terry ao falhar aquele penalty contra o Manchester, sentiu 1 dor no rabo... ele caiu

    2-> A mao do Faissal tava fora das "4 linhas"...

    3-> Parece que te vou ter de mostrar o meu estofo...

    abraco

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  2. Claro que o tipo de pressão entre o desporto individual e colectivo é muito diferente. Mas repara que um jogador de topo de futebol é, por exemplo, equiparado a um jogador de ténis. Terá sempre nos seus ombros uma grande responsabilidade e os olhos também terão sempre postos nele. Se jogar mal num encontro importante, mesmo que a sua equipa ganhe por mérito de outros jogadores, será alvo de algumas criticas tal como um grande jogador de ténis que falhe um ponto decisivo.


    Gonçalo.

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  3. Uma vez uma stora disse-me que o facto de estarmos nervosos/ansiosos perante uma situação importante/decisiva nem era mau, porque para combater essa ansiedade o nosso organismo aumentava bué a adrenalina, que supostamente iria aumentar as nossas capacidades.
    Eu não sabendo se é verdade ou não, sempre acreditei, porque por vezes as pessoas excedem as suas expectativas, e até há casos relatados de velhotas que conseguiram levantar pesos para salvar alguem, que nunca na vida conseguiriam doutro modo.
    Agora acho é k é fundamental abster-mo-nos tambem um bocado do mundo para diminuir a pressão, senão a partir dum certo ponto de nervosismo ja nem nos conseguimos mexer ( tipo entrar no carro pa fazer o exame de condução xD)
    É essa capacidade de ignorar a pressão que dá as pessoas o estofo de campeão ;)

    PS: Sorry aí pela wall of text, mas como nao costumo comentar, assim da pa calar o filipe durante uns tempos :P

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