quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

and a happy new year!

Neste que será certamente o último post de 2009 decidi não aborrecer (nem premiar) o leitor com extensas análises filosóficas ou divergências de opiniões. Vou assim apenas centrar-me naquilo que está nas mentes de todos nós, o ano novo.

Aproxima-se o final do ano e este ano decidi fazer aquilo que nunca tive paciência para elaborar, uma lista de algumas das coisas que quero (e espero) fazer no novo ano que se aproxima. Exclui assim todas aquelas que seriam totalmente impossíveis, ou que não dependem exclusivamente de mim. Algumas são experiências realmente novas, outras apenas repetições que não aborrecem ninguém (pelo menos não a mim). Partilho aqui convosco uma parte dessa lista:

-Aprender a baralhar e dar cartas como deve ser
-Marcar um golo de cabeça em futsal (preciso que alguém faça a assistência!)
-Beber um Irish Coffee (nunca provei!)
-Correr uma Maratona
-Aprender a distinguir pelo sabor as diversas marcas de cerveja (pelo menos nas 1ªs rodadas xD)
-Ir novamente ao Rock In Rio
-Tratar de vez a minha canelite (de preferência antes da Maratona xD)
-Conseguir comer as 12 passas em 12 segundos (esta ainda vou tentar ainda este ano, mas sem grandes expectativas)
-Ir ao estrangeiro com amigos
-Conhecer pessoas novas (quem não quer?)

Feliz Ano Novo!,

Filipe Baptista de Morais

sábado, 26 de dezembro de 2009

(Foi) Natal

Acabou de passar mais uma tão esperada época natalícia, com tudo aquilo que simboliza. E isso, apesar de convencionado, é certamente diferente para cada um de nós.
É certo que o Natal deveria ser uma celebração do nascimento de Jesus (embora tenha tido origens pagãs) mas, hoje em dia, não é isso que representa para a maioria das pessoas. Não me interpretem mal, estou longe de pertencer às hordas de cínicos que se queixam que o Natal já mais não é do que campnhas de marketing para maximizar as vendas. Acredito verdadeiramente no espírito natalício, e é certo que nesta época todos nos encontramos mais inclinados a ajudar o próximo, quanto mais não seja para não destoar.
O Natal representa ainda para muitas famílias uma oportunidade de se reunirem e estarem juntas em harmonia, ficando as trocas de prendas relegadas para planos secundários de importância. É claro que as crianças mais jovens poderão discordar deste ponto (pelo menos interiormente), mas quem consegue resistir ao sorriso de uma criança ao experimentar um brinquedo novo?
Parece-me assim que, embora possa ter perdido algum do seu significado religioso, o Natal evoluiu para algo mais: uma ocasião única para estarmos com aqueles que nos são mais queridos e repensar sobre aquilo que é verdadeiramente importante nas nossas vidas.
Deixo aqui, embora atrasado, um sincero desejo de feliz Natal para todos

Filipe Baptista de Morais

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Longe da mente, longe do coração

Todas as nossas acções, são no fundo, reacções a outros acontecimentos que as precem. E podem ser fruto de uma extensa reflecção ou, em oposição, uma reacção puramente espontânea. As mais ponderadas tendem a ter resultados semelhantes ao esperado, o que é relativamente bom quando as expectativas são altas, e relativamente mau quando não o são. Saliento o relativamente pois parece-me que, ao perderem o efeito surpresa devido ao excesso de planeamento é-lhes retirada muita da chama e intensidade que poderiam ter de outro modo. Associo assim muito mais a espontaneidade às emoções fortes, quanto mais não seja pela "adrenalina" do inesperado. Já Fernando Pessoa falava do disciamento (e confronto) entre o pensar e o sentir, embora em termos um pouco diferentes.
Parece-me que o "problema" da racionalidade reside na capacidade de perspectivação temporal, tanto para o passado como para o futuro. É facilmente perceptível e aceitável que, ao dispersarmo-nos peloes três espaços temporais, nos impedimos de viver em pleno o presente. É como se não estivéssemos concentrados naquilo que acontece, pensando no que aconteceu, poderia ter acontecido ou poderá vir acontecer.
Creio que é esta a razão que torna o alcóol e as substâncias alucinogénicas tão apelativas em momentos de diversão. Elas "soltam-nos", libertam-nos da racionalidade que nos prende as acções com medo das consequências, o que geralmente é maravilhoso. Mas também pode ser desastroso, uma vez que a falta de perspectivação futura nos pode levar a fazer coisas realmente estúpidas.
É ainda interessantes reflectir no que nos resta quando privados da racionalidade. Há quem diga que é aí que se revela o verdadeiro "eu", e daí sermos mais "verdadeiros" quando ébrios e assim. A mim parece-me que esta é uma perigosa confusão entre os conceitos de honestidade e veracidade. Uma não implica a outra, nem a exclui, pelo que quase se pode dizer que nada têm em comum. Acredito que nestas situações nos encontramos privados de algo essencial à nossa condição ou definição, e que estamos de facto a substituir a nossa essência (os nossos pensamentos) por algo que lhe é alheio, meros estímulos exteriores. Daí sermos mais imprevisíveis e irreconhecíveis quando irracionais.
Para terminar, lanço o comum e modesto apelo que me iliba de qualquer aparente tentativa de desencaminhamento, "se conduzir, não beba".

Filipe Baptista de Morais

domingo, 22 de novembro de 2009

Caos

Hoje decidi escrever sobre o caos e a desorganização. Não aquela que se manifesta neste modesto espaço virtual, mas aquela que se encontra espalhada por todo o lado. É que, apesar de tudo ter uma ordem, essa ordem é (aparentemente) aleatória. Numa altura em que se vive uma intensa crise de fé (entre outras crises mais chatas) espanta-me que a igreja nunca use este facto para corroborar a existência de deus e o seu papel enquanto criador. Isto porque, como reza a lenda, fomos criados à sua imagem, e se fosse eu a criar o mundo ele teria exactamente este aspecto: uma enorme bagunça.
É certo que no início dos tempos toda a matéria se encontrava condensada, o que prova os louváveis esforços de deus em arrumar a sua tralha para ter mais espaço para brincar. Mas, há cerca de 15 mil milhões de anos (a Wikipedia diz 13.7, mas quem liga ao que eles dizem?), quando tudo parecia finalmente empacotado e arrumado...PUF! Não, não se fez o chocapic, foi o Big Bang (mas é parecido). E agora prontos, é o que se vê, desordem e caos total, chegando a um ponto em que nada parece fazer sentido:
  • Temos um preto a chefiar a casa branca
  • A inflação é negativa
  • O aquecimento global afinal leva a um arrefecimento global
  • Há monopolos magnéticos (pessoal fora de ciências ignore esta)
  • Há mais raparigas que rapazes no IST (true story!)
  • As vacinas são mais perigosas que as doenças
  • O benfica tem mais pontos que o Sporting
E assim por diante, tudo parece desregrado. Parece-me assim que tanta confusão, não podendo ser atribuída a nós (não somos assim tão importantes, right?) teria necessariamente que ser criada por algo semelhante a nós. Comos os chimpanzés não se acusam, eu por mim já sei a quem apontar o dedo.
Para provar a nossa propenção para a desordem (ou a inevitabilidade do aumento da entropia para os físicos) deixo aqui também uma fotografia (actual) da minha secretária. Desafio o leitor a fazer melhor,



Filipe Baptista de Morais

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O tempo que nos falta, aquele que sobrou e ainda aquele que gastámos

Com um título tão grande, parece indubitável que este "escritor" tem tempo de sobra para isto, pelo que decidi fazer algo inegavelmente apressado (como scanear o post e espetá-lo aqui sem o passar a computador) para deixar o amável leitor tão confuso quanto espero que geralmente fique quando passa os olhos por estas páginas. Pela certa fica o tempo o tempo que aqui gastei

(hint: double-click the image)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Singularidades

Por todo o lado (que é como quem diz aí pelas ruas de Lisboa) se ouve falar do estranhíssimo e insólito tempo que se abateu sobre a cidade: sol e calor (aparentemente são desprezáveis as nuvens que vão e vêm) em pleno Novembro! Ora não é precisamente isso que caracteriza o Verão de S. Martinho? Mas não, é o tempo que está maluco ou ainda, para os mais ambientalistas, é o aquecimento global (ou arrefecimento já que aparentemente ninguém sabe do que se trata).
Esta é apenas uma das muitas "anormalidades" comuns que passeiam por aí. E quem diz "anormalidades" comuns também diz comuns "anormalidades", visto que ninguém se dá ao trabalho de tentar perceber a diferença. Por vezes é até difícil discernir em qual das categorias se encaixa um acontecimento, tão estranha a sua essência. É o caso, por exemplo, dos falhanços do Caicedo. Ou dos "quase golos" do Postiga. Curioso como qualquer coisa traz a esta memória sportiguista estes 2 personagens, não é?
Em contraposição a estas singularidades temos, talvez até em maior número, as banalidades comuns. Estas apesar de serem banais e presumivelmente por serem comuns são bastante mais badaladas (ou talvez seja ao contrário, quem sabe como pensam os jornalistas, essa estranha malta que vai para letras?). Tal é o caso, por exemplo, da gripe A. Comum porque muita gente apanha, banal já tinham apanhado o ano passado, excepto que não se chamava "A" e portanto não assustava tanto. Ao contrário do que muita gente pensa, a gripe A não se propaga facilmente através de qualquer objecto, nem todos os contaminados têm febres altas, poucos dos que as têm chegam a ter complicações de maior e ainda menos destes chegam a falecer. Não parece por isso ser uma doença propriamente letal (o professor de yoga do meu ginásio no outro dia torceu ou creio mesmo que partiu o pé ao descer do estrado, o que não faz do yoga uma modalidade propriamente perigosa para a saúde). Mas longe de mim querer estragar o dramatismo, até porque as farmacêuticas também têm de ganhar a vida.

Por último temos ainda a mais estranha das singularidades, as banais raridades. Estas caracterizam-se por serem banais, e no entanto extremamente raras. De facto são tão raras que de momento não me ocorre nenhuma, mas certamente que andam por aí.

Filipe Baptista de Morais

PS: Antes que me comecem a acusar de coisas como, sei lá, homosexualidade, gostaria de esclarecer um ponto, nunca frequentei uma aula de yoga na vida, apenas ouvi essa história. Não que isso tenha alguma coisa de mal!

sábado, 31 de outubro de 2009

Época de Caça

Encontra-se finalmente aberta a época de caça ao ISTudante MEEC, tendo o evento inaugural sido a muita aguardada prova de EO (electromagnetismo e óptica). O ISTudante aprovado (espécie ameaçada devido às condições agrestes do seu habitat natural) parece no entanto ter resistido heroicamente a esta investida, sendo que as projecções mais optimistas apontam para um número de causalidades bastante reduzido. Parece que as sessões de estudo (e as cartadas, porque não?) sempre dão os seus frutos. As previsões apontam ainda para baixas contidas durante a próxima semana, devido aos eventos de AC(análise de circuitos), Gestão e PE(probabilidades e estatística), estando o holocausto de ACED marcado para o fim-de-semana.
Encontra-se também aberto o IST Management Challenge (aka totoloto ), e já à partida se podem observar várias diferenças estratégias adoptadas pelas equipas: enquanto uns optam pela análise detalhada dos dados e à elaboração de gráficos para ponderar uma estratégia, outros resolvem a questão em poucos minutos de debate informal. Há ainda quem simplesmente não faça nada, numa original estratégia para confundir os adversários.

E lembrem-se sempre, a preparação para um teste/exame passa sempre (claro) pelo estudo, mas também por estar com os amigos, jogar às cartas, ir ao cinema, uma futebolada, enfim, divertirem-se. O cansaço e o aborrecimento podem ser muito mais prejudiciais do que uma saída à noite ou uma tarde de diversão. Além de que, na dúvida, um gajo opta sempre pela opção mais divertida! (certo?)

Gostaria ainda de deixar um grande abraço de solidariedade aos nosso irmãos de aeroespacial, que se depararam com uma prova bem fodida na 6ª feira.

Filipe Baptista de Morais
(editado a 01/11/2009)

domingo, 25 de outubro de 2009

Hasta la victoria siempre


Hoje, ao receber mais uma medalha de provas de atletismo amador (corrida do Tejo 09), ocorreu-me que este é realmente o desporto dos vencedores. Por muito coxos que sejamos, há sempre alguém para apoiar e aplaudir a nossa chegada à meta assim como uma medalha à nossa espera. Não me lembro de mais nenhum desporto em que nos digam "Parabéns man, ficaste em 789º!", mas quando o objectivo se resume a cruzar uma linha todos somos vencedores. E desengane-se quem julga que o resultado de uma prova depende apenas da nossa condição física! (e do equipamento claro) É certo que muito do necessário se encontra nas pernas e pulmões, mas nunca é de desprezar o papel da mente. Como sabiamente me disseram (embora não neste contexto xD) 50% é atitude. Afinal, as pernas não se começam a mexer sozinhas; escolher quando param também não depende só delas.
Para os simpatizantes deixo aqui o meu bom testemunho da corrida do Tejo (10Km), o percurso é quase todo plano e agradável, a organização impecável e a T-shirt bestial. Mais: para além de brindar os esfomeados atletas com a habitual (e intragável) barra energética, a malta de Oeiras teve a simpatia de oferecer frutas para aplacar os estômagos depois do esforço, um toque de classe que não podia deixar passar despercebido. A organização da ordem de partida por tempos efectuados anteriormente ajuda também a contribuir para uma maior fluidez nos primeiros minutos da prova, visto que 10000 é um número muito grande para caber numa estrada (e nada mais frustrante do que ter as amigas da nossa avó a cortar-nos o ritmo). Para embelezar ainda mais a minha memória desta prova melhorei um pouco o meu tempo de 10Km (43min e 24s vs 1h e 15mins do nosso recém re-eleito 1º Ministro). Ainda de notar a paciência da organização na meta, que esperou 1h e 45mins até á chegada do seu presidente da câmara (e aparentemente não grande atleta) Isaltino Morais (é a ovelha negra da família :S).
Até para o ano!



Filipe Baptista de Morais

domingo, 27 de setembro de 2009

Preguiça

O mundo está preguiçoso, bocejando ruidosamente como quem em nada mais pensa que um bom café. As pessoas só mexem o rabo para o enfiar no assento do carro, e apenas correm para não perder o metro (verdade seja dita, geralmente até preferem esperar pelo próximo). E não se trata apenas do corpo dorido da nossa idosa população a manifestar-se, a preguiça está instaurada por toda a juventude.
Numa época em que tanto se fala do ritmo frenético das grandes cidades, é espantoso a apatia que se abate sobre a sua população. Talvez no fundo mais não seja do que uma simples projecção do cansaço que se apodera de nós.
Jardins e espantosos espaços lúdico-desportivos (como o Estádio Universitário de Lisboa) encontram-se repetida e extremamente abaixo da sua capacidade de lotação e até no ginásio, suposto local de culto dos mais activos, se pode constantemente observar pessoas a apanhar o elevador da recepção para os balneários (subir 10 degraus a pé não é para qualquer um!). Parece que cada vez mais a diversão passa por estendermo-nos no sofá em frente à televisão a ver a bola, em vez de entrar em campo e chutá-la.
O Desporto é apenas a vítima mais flagrante e pragmático desta perigosa epidemia (que certamente afastou hoje mais pessoas dos locais de voto do que a gripe A, com a abstenção a rondar os 40%) pois a preguiça estende-se ao trabalho, aos estudos, às leituras, enfim, a tudo. Nem deus nos pode proteger dela, pelo menos a julgar pela quantidade de de seus seguidores que prefere ficar em casinha do que dar um pulinho à igreja de vez em quando para mostrar o seu apreço.
Claro que ler isto até aqui é um bom sinal de que não estás contaminado. Porreiro pah!

Filipe Baptista de Morais

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"Ainda há almoços grátis!"

Conhecem a expressão "Não à almoços grátis" (creio que a variante do IST é "Não há jantares de borla") ? Ora bem, em sentido literal são ambas provavelmente verdade, mas se considerarmos que são duas frases diferentes mas das quais se extrai o mesmo significado (não literal) então alegra-me afirmar que ainda não é verdade. Gostaria de informar o leitor de algo que descobri ontem e achei extremamente interessante, o facto de no EUL (estádio universitário de lisboa) se poder usufruir (de borla!) dos balneários e dos cacifos, mesmo que não se alugue nenhum campo de qualquer modalidade. Isto é extremamente útil e agradável para os amantes da corrida ou da prática do exercício físico em geral, que muitas vezes se encontram sem local para mudar de roupa e deixar as suas coisas ao voltar da universidade,trabalho, whatever. Ora já dizia o meu professor de gestão "Quem corre sabe que é uma treta" mas acho que se encontra muito longe da verdade. Inclinar-me-ia muito mais para "Pessoal de fatinho e gravata acha que correr é uma treta". Para os que já estão a calçar os ténis, informando ainda que, pela moderada taxa de 75cêntimos (lá se vão as borlas...) poderão ainda usufruir da pista de atletismo e viver um pouco do espírito mais competitivo (ou simplesmente ter uma melhor noção da distância percorrida).
Gostaria ainda de deixar os meus cumprimentos (e parabéns!) aos bacanos dos comunistas que organizaram a Corrida do Avante com entrada grátis, dando a participação nesta direito a águas, uma T-shirt e ainda entrada para o festival. Não vou votar em vocês, mas reconheço que são uns gajos porreiros.

Filipe Baptista de Morais

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Top 5 (Cenas Irritantes)

Em jeito de menção honrosa a um grande filme baseado num, provavelmente, grande livro (ainda não o li), "High Fidelity", cujo protagonista constantemente nos brinda com os seus brilhantes Top 5 (das mais variadas coisas), deixo aqui o meu Top 5 de coisas que me irritam.

5-Galos. Digam o que disserem sobre os prazeres e vantagens de viver no campo, o contacto com este detestável bicho não é certamente um deles. O seu matinal xinfrim abafa qualquer (já irritante) despertador citadino e (pior!), a não ser que tenham uma pistola na mão, não basta carregar num butão para o calar.

4-Segmentation Fault!

3-Lógica das massas. Não confundir com a aparentada (e por vezes companheira) lógica da batata. Enquanto esta última peca pela sua falta de conclusões (é, no fundo, a lógica ao seu mais básico nível, em que algo se implica a si próprio) a infinitamente mais perigosa lógica das massas peca pela falta de premisssas, parecendo conseguir gerar conhecimento desprezando qualquer tipo de ponto de partida. "Muita gente pensa assim" é, e creio que sempre o será, um muito convindente argumento para justificar qualquer disparate. (para os teóricos da conspiração lamento, mas a frase entre aspas não é mesmo uma referência ao cartaz do CDS).

2-O vídeo "educativo" sobre não piratear que aparece em todos os DVDs. Na realidade, o pirateador vê calmamente as suas versões pirateadas (não contendo esta dispensável introdução) enquanto que o honesto (parvo?) cidadão que compra os originais tem que gramar com esta merda vezes sem conta.

1-Intervalos no cinema. Não sei quem foi o idiota que os inventou (embora desconfie dos vendedores de pipocas) mas nada estraga mais o impacto que uma obra cinematográfica tem sobre nós do que um intervalo, e quanto mais intenso o filme, maior é o estrago. Para piorar ainda mais a situação, a duração do intervalo é desconhecida e o seu final impetuoso, supreendendo por vezes algumas pobres almas que se ausentam por momentos e acabam por perder um bocado do filme que pagaram para ver. Se alguém gostar de livros, mais vale ficar em casa e ligar a TVI, sai mais barato e têem direito a (em vez de um único) uns espantosos 5 intervalos por filme.

Filipe Baptista de Morais

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Exaustão

Por vezes as férias podem ser a altura mais cansativa do ano. Afinal é quando temos mais tempo livre e, apesar de saber bem o ocasional dia passado no sofá sem fazer nenhum, regra geral uma pessoa aborrece-se se não levar uma vida mais activa.
No entanto o cansaço que daí advém, essa fadiga voluntária, não é de todo desagradável. O cansaço no trabalho pode servir como fonte de orgulho quando as coisas correm bem, e tanto pode servir de consolação como de irritação quando estas correm mal (depende de como vemos as coisas). Mas o "cansaço lúdico", esse apenas nos transmite uma estranha sensação de satisfação. Talvez sintamos que, ao puxar por nós, estamos a aproveitar a vida ao máximo. Ou talvez essa satisfação não passe do inerente conhecimento de que podemos descansar após um longo desgaste, que nos podemos deitar algures livres de responsabilidades e recarregar baterias.
Agora que chegámos a este tão bonito conceito, é exactamente isso que vou fazer: descansar. Não irá portanto aparecer nada de novo nestas bandas no próximo mês. Cumprimentos e desejos de boas férias,

Filipe Morais

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Acontece (aos melhores xD)

Anteontem parti duas cordas da minha pobre raquete de ténis. Tudo aconteceu por volta das 5 da tarde, uma hora razoável para a prática desportiva: suficientemente tarde para não interferir com a digestão mas suficientemente cedo para o sol nos assar como porco no espeto. Back to the point, estava eu concentrado em posição de espera quando se aproxima de mim um serviço "mansinho" (perdoem-me a private mas não resisti, peço ao comum leitor que a interprete como uma simples ironia). Enfim, querendo responder à altura, puxo o braço bem atrás e... prontos, lá se vão as cordas.
Que se sente num momento destes? Creio que o meu primeiro pensamento foi "Bolas, a minha raquete!". Confesso, que foi a minha primeira vez, não estando portanto habituado a este tipo de situações. Mas, também de imediato, não me consegui impedir de sentir a satisfação tipicamente humana de partir qualquer coisa. De onde vem tal sensação? Penso que o acto de destruir algo serve como uma demonstração de poder, fazendo-nos acreditar que temos a capacidade de alterar o que nos rodeia, o poder para mudar o mundo.
Uma última sensação percorreu-me o espírito, desta feita sob a minha condição de tenista. De algum modo, senti o quebrar das cordas como uma mudança de patamar, aliada a uma satisfacção profissional comparável à do miudinho de 10 anos cujo instrutor diz que finalmente pode jogar do fundo do court. Afinal, não é qualquer tenista de fim-de-semana que parte as cordas da raquete, tal sugere já uma certa mestria na arte (por antagonista que possa parecer).
E prontos, lá mandei re-encordoar a raquete. Voltará, a mesma armação, mas não a Mesma.
R.I.P miúda.

Filipe Morais

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Man in the mirror

Conhecem "Os Sopranos"? Uma série bastante popular há algum tempo. A personagem principal, Tony Soprano, tenta manter a sua família unida por entre as "crises de identidade" da sua mãe, a rebeldia dos seus dois filhos adolescentes, a próxima relação que a sua mulher tem com um padre, e as suas próprias escapadelas. Tony esforça-se por ser um bom pai e um bom marido (dentro dos possíveis), é amigo de seu amigo, enfim, é um gajo porreiro. No entanto é também um líder da máfia local, capaz de brutais e impiedosos assassínios. Como se podem duas personagens tão diferentes concentrar num mesmo homem? E, estranhamente, o resultado é bastante verosímil. Tony demonstra preocupar-se apenas consigo e aqueles que o rodeiam, fechando os olhos ao resto do mundo. Mas este não desaparece apenas por o ignorarmos, e fazê-lo é apenas uma mostra de egocentrismo e egoísmo. No fundo todos temos um pouco de Tony dentro de nós, uma inescapável tendência para colocar os nossos interesses, e os daqueles que nos são próximos, à frente dos das outras pessoas. Pareceu mau, mas qual a alternativa? Uma conduta perfeitamente justa e imparcial transformarnos-ia em máquinas, clones mecânicos sem livre arbítrio. Por outro lado, o oposto permanece inaceitável. Esquecimento ou "não reparar" não podem ser aceites como desculpas, apenas servem para nos escudarmos atrás de uma amnésia selectiva.

Ninguém é perfeito e o mundo encontra-se lastimosamente longe de tal paraíso, como nao podia deixar de ser de uma soma quase infinita de tantas imperfeições. Algumas são demasiado grandes para as vencermos, embora possamos sempre lutar contra elas. Se vale a pena lutar por causas perdidas, marcar uma posição sem desejo ou hipótese de vencer, é outra questão. Outras porventura não nos caberá a nós julgar. Aquilo que podemos e devemos julgar e mudar somos nós próprios. Como cantava Michael Jackson, para mudar o mundo devemos começar com o homem que vemos no espelho, pois é ele que podemos tornar em tudo aquilo que desejarmos. Ainda que seja mais fácil tentar mudar os outros que a nós próprios, apenas em nós residem os meios para exteriorizar tudo aquilo que somos ou desejaríamos ser.

Filipe Baptista de Morais

domingo, 21 de junho de 2009

Juventude

Um pouco diferente de tudo o que passou por estas "páginas" e também devido a uma certa falta de tempo para escrever coisas novas (época de exames é fodida) deixo aqui algo que escrevi há algum(muito) tempo:

Juventude
Agora presente,
Parece eterna
Que tolos somos!
Um dia passou,
Sobra a memória
Do que o tempo nos tirou

Restam os amigos de infância
E as antigas fotografias
Meros indícios
Do que outrora fomos,
Das nossas alegrias

E talvez um dia
Também os amigos sejam levados
As fotografias quebradas por acidente
Mesmo as recordações se dissipam,
Últimos resquícios
De um tempo que não mais volta

21/07/08
Filipe Morais

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Bate bate coração

No último sábado fui à 1ª caminhada da campanha Bate bate coração (http://www.batebatecoracao.com/). Para quem não sabe, trata-se de uma campanha a nível nacional (alastrando recentemente para o panorama europeu) que pretende sensibilizar e alertar a população para os problemas cardíacos, como as arritmias, assim como transmitir informação sobre os meios de tratamento disponíveis. Quanto à razão da minha presença, prende-se com o facto de o meu pai ser o cardiologista responsavel pela campanha.
Indo ao que interessa, num dos vários pontos de paragem da caminhada (realizada ao longo do parque das nações), uma simpática enfermeira explicou-nos qual a melhor maneira de medir o ritmo cardíaco identificando também o intervalo "natural". Constatei, algo espantado, que me encontrava um pouco abaixo do mínimo, e referi-o. Ela disse que tal era normal, visto ser jovem e praticar desporto. Ora ser jovem não é um acontecimento assim tão raro quanto isso, assim como praticar desporto sempre me pareceu encaixar perfeitamente com a primeira característica. Como pode então tal não ser considerado natural? Será que o definido como normal para um jovem é ficar todo o dia sentado, alternando entre estudos, comida, televisão e computador? Caramba, sou estudante de engenharia do IST, e pelo menos fama de tudo isso não nos falta. E o facto é que passo mais tempo ao computador do que aquele que gostaria de admitir. Se ainda assim fujo às ditas "pulsações normais", que se passará com os meus colegas de letras e artes que pouco mais fazem que jogar futebol?
Enfim, não desejo ser rebelde ou fugir à norma, talvez esteja na hora de abandonar o ténis e o ginásio e dedicar-me antes ao online gaming.

Filipe Morais

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Maré de azar

Estes fim-de-semana acompanhei Sócrates. Finalmente política regogiza o leitor, ávido de contra-pôr o seu ponto de vista e mandar vir com este pobre e bem intencionado blogger. É certo que já houve alguns pedidos de trazers tais temas para aqui, mas por enquanto não faço tenções de os atender.
Porquê começar o texto com política então? Bom na realidade, não comecei. Não me estava a referir às eleições de domingo, mas sim à solarenga tarde de sábado. Aí acompanhei realmente Sócrates, não na televisão, mas numa revigorante corrida pelos trilhos do Estádio Universitário de Lisboa (a maioria de momento cortada, infelizmente). Não se safa nada mal o homem. Com aquela idade (que não faço ideia qual seja mas certamente mais do que a minha) ainda se manteve em corrida cerca de uma hora, talvez mais, visto não ter podido acompanhá-lo de início. E que se sucedeu em tal evento? Bom, na verdade nada. Não me ocorreu nada que o 1º ministro quisesse ouvir de jovem futuro engenheiro, nem vice-versa. Se o encontrar para a semana sempre poderei mostrar as simpatias pelo mau resultado, e desejar melhor sorte para as legislativas. NÃO não estamos a discutir política, simplesmente acho que seria simpático, independentemente das inclinações políticas. Enfim, não houve troca de palavras, limitei-me a passar por ele (felizmente inda tenho fôlego para competir com esse escalão!). Pobre Sócrates, ultrapassado Sábado, ultrapassado Domingo. O fim-de-semana definitivamente que não lhe correu bem.

Filipe Morais

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Free(AED)!

Finalmente podemos libertar a memória alocada durantes largos dias (semanas?) de trabalho árduo. Embora tenhamos todo o semestre para desenvolver o projecto necessário á aprovação a AED (Algoritmos e Estruturas de Dados) nós estudantes de MEEC esforçamo-nos arduamente para honrar o axioma humano que dita que apenas se começa um trabalho na semana anterior à sua entrega. E orgulho-me de dizer que o fazemos com bastante sucesso. Nada como uma bela noite de trabalho no IST para compensar meses de slacking, como o atesta a forte presença estudantil nos corredores de civil na prévia noite. Nos corredores de civil? Sim. Aparentemente apenas os futuros engenheiros civis têem direito a estudar na faculdade de noite, embora toda a gente saiba que tal nunca acontece (há quem defenda, contudo, que por vezes estudam de dia). Cabe-nos então ã nós, fieis colegas electrotécnicos, preencher essa lamentável lacuna e dar às salas e corredores o movimento e agitação que merecem. E se uma noite em branco não basta, não é isso que trava um futuro engenheiro. Provam-nos os louváveis heróis que se aguentaram firmes durante cerca de 48horas. Admirável pois acredito que após tal maratona eu, se o computador não o fizesse primeiro, daria certamente segmentation fault. E que raio de porra é essa interroga-se o pobre e leigo leitor. Obviamente trata-se de gíria engenharística referente à situação que mais pesadelos (ou noites sem dormir!) traz aos programadores.
Claro que "passar a noite toda a trabalhar" nunca é inteiramente verdade. Todos gozamos dos nossos merecidos descansos e, embora se note a falta de bar aberto (e MacDonalds no recinto!!!) ou semelhante, as imediações da máquina de café fazem as honras de zona social. Lamentável que ninguém se lembre de trazer cartas, erro apenas desculpável e compreensível em inexperientes caloiros, imperdoável nos numerosos repetentes. Realmente, há pessoas que nunca aprendem.
Por ora, a noite já lá vai, e livres finalmente! Se deus quiser nunca mais teremos de arrumar carros na vida. Se, no entanto, deus se revelar o otário do costume, ao menos teremos uma moedinha à nossa espera. Por enquanto retornamos, cansados mas satisfeitos, para um merecido sono nos nossos confortáveis covis, ou para os mais preserverante (como eu!) talvez apenas uma pequena sesta na aula de cálculo.

Filipe Morais

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Everchanging

A vida está sempre em constante mudança. Os enquadramentos mudam, as pessoas mudam, as relações mudam, os sentimentos mudam. Ninguém escapa a estes ventos de mudança, que tendem a ignorar os nossos desejos e prognósticos, assim como os nossos apelos.
Não podemos realmente dizer "Nunca", e quando o fazemos nada mais significa que "Agora não". A nossa efemeridade torna ridículo o emprego de tais termos e, apesar de termos a capacidade de imaginar o futuro, tendemos a fazê-lo como uma simples tensladação temporal daquilo que conhecemos no momento. Mas o futuro não é o presente amanhã.
"Para sempre" perde também assim todo o seu vigor, reduzindo-se a um modesto "Por enquanto", e ainda que realmente se verifique à nossa escala, ou a qualquer escala que se nos assemelhe relevante considerar, nada mais será do que um prolongado somatório de instantes, desprezáveis face ao verdadeiro significado de sempre. Não quer dizer que não o sintamos ou desejemos, simplesmente somos incapazes de o atingir. As pessoas não se podem mudar, tal como não se podem impedir de mudar. Mudamos porque o mundo está diferente, mudamos porque querem que sejamos diferentes e mudamos porque queremos ser diferentes, embora não consoante isso. No fundo, mudamos porque somos.

Filipe Morais

domingo, 24 de maio de 2009

Tristemente ilariante

Viram o telejornal da TVI na 6ª feira? Se não, os meus parabéns. Não merece a audiência. No entanto, vejam isto http://www.youtube.com/watch?v=wZLaLO-tTJU
Dá vontade de rir sim, mas apenas porque ninguém gosta de chorar. É esta da qualidade do nosso telejornal de maior audiência? Não sou um gajo de letras (para quem não sabe de momento estou a estudar no IST) mas lembro-me de aprender no secundário (ou 9º ano talvez) os princípios do texto jornalístico. Colegas letrados perdoem a minha ignorância, mas creio ter ouvido falar em algo semelhante a "imparcialidade", e tanto quanto sei despejar opiniões e julgamentos a torto e a direito não encaixa bem nesta noção. Faz lembrar o que eu faço aqui? Pois claro que sim, mas por alguma razão isto é o blog "Viva o Alasca!" e não a merda do telejornal da TVI, por alguma razão não me pagam para o fazer e por alguma razão (que de momento não se me afigura perceptível) tenho no máximo umas dezenas de leitores e não um par de milhões.
Infelizmente não estou perfeitamente inteirado dos assuntos abordados no vídeo. Sei o que sei e que pode ser mais do que tu, ou não. Mas sei que não é assim que se faz jornalismo. E também sei que não se tratou de um caso isolado. Infelizmente acabo por ver muitas vezes esse jornal, e as palavras "que palhaçada" e "ridículo" passam-me mais vezes pelos lábios do que expressões de assentimento ou concordância. E não, não é por ser um gajo implicante (pelo menos não só por isso). É porque é realmente ridículo que o aprensentador do telejornal de maior audiência do nosso país (presumo que o seja, e mesmo que não tal não diminui a gravidade da situação) tenha mais interesse em expôr as suas perspectivas do que as dos convidados, nos impinja as suas opiniões em vez dos factos, e quando se dá sequer ao trabalhos de os apresentar adoça-os ou acidifica-os consoante o seu desejo.

Filipe Morais

sábado, 16 de maio de 2009

É fodido

Pois é. Os meus colegas de Mecânica e Ondas sabem do que estou a falar. Que fazer para pôr a Terra na mesma órbita de Marte? Ora porra não sei. E como mantê-la lá? Não faço ideia. Qual a velocidade que teria nessa órbita? Sei lá crl! E calcular lagrangeanos (que inda não sei muito bem o que são) de sistema que não consigo compreender lá muito bem também é sem dúvida interessante.
Felizmente que o técnico disponibilizou o arraial para animar depois disto. "Beber para esquecer" ganha todo um novo sentido. Infelizmente a imperial tá cara e a carteira de estudante n é tão funda quanto isso....Creio que a camaradagem contribui mais para esquecer do que o alcóol. Enfim, MO é realmente fodido. Mas claro que, como toda a gente sabe, o técnico no geral é fodido. Há até quem diga que a vida é fodida, mas isso é claramente um disparate. Pelo menos a minha (e de toda a gente que conheço) é bastante porreira e é preciso muito teste de MO (e muita falta de arraiais!) para chegar a esse ponto.
Por isso caros colegas, nada de desanimar. Se for caso disso, para o ano há mais! E há sempre outras universidades, outros cursos até! Em último caso MacDonald's é um sítio porreiro pa se estar, ou quem não apreciaria gelados Haggen Dazz à pala?

Filipe Morais

sábado, 9 de maio de 2009

Quem tem medo do lobo mau?

Já viram "Hard Candy"? Certamente um filme que dá para pensar. Creio que a 1ª coisa que pensei foi "Porra! Que filme mais marado!". Isto porquê perguntas, curioso (ou quiçá curiosa). Bom, correndo o risco de ser óbvio, porque é realmente um filme marado, comparável a "From dusk till dawn"/Aberto até de madrugada e o épico "Pulp Fiction" (seja feita a merecida ovação a Quentin Tarantino!).
Ainda há pouco referi que nos fazia pensar, mas pensando bem não sei exactamente em quê. Pensando ainda melhor (e tanto pensamento que já para aqui vai!) é antes um filme que nos deixa sem saber o que pensar. Um paradoxo, ou serão na realidade a mesma coisa? Na verdade não me interessa, alguém que se debruce sobre isso se quiser. No fundo é um filme sem heróis, cheio de vilões (ou a falta de heróis implica a ausência de vilões?). Acho que nenhuma das personagens inspira grande simpatia na audiência (também a história apenas roda em torno de um par delas). Certamente que ninguém sentirá empatia para com o pedófilo, mas creio que a sádica e misteriosa rapariguinha também não é propriamente uma fofura. É um filme bestial, porque agora sinto-me mesmo bonzinho. Por outro lado é um filme com uma forte componente pedagógica. Certamente que após o ver jamais algum jovem rapaz pensará em seguir a carreira de pedófilo. Hei-de propor ao Sócrates para o passar nas escolas, talvez incluindo-o no Magalhães.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Em busca do vale encantado

A procura de algo mais é inerente a todo o ser humano. E não me refiro àquilo que apelidaríamos de ganância mas sim ao básico desejo de ser feliz, ou melhor dizendo, ser mais feliz. Isto porque esta ânsia, este frenesim nada tem que ver com a nossa condição actual, nem com nenhum objectivo em especial, apenas mais, apenas chegar mais longe sem querer na realidade chegar a lado nenhum. Isto aplica-se à vida professional mas principalmente à vida pessoal. Parece-me razoável se não importante não nos conformarmos com aquilo que nos desagrada e essa tal procura pode surgir assim como um constante aperfeiçoamento, uma auto-estrada interminável que nos leva cada vez mais perto do paraíso. Mas devemos então passar a vida a procurar o local perfeito, o trabalho perfeito, a mulher perfeita? Certamente que não, ou estaremos a desperdiçar o nosso tempo à espera de viver. Uma auto-estrada pode ser a maneira mais rápida de viajar mas temos que a abandonar para chegar a algum lado. Talvez o ideal seja definir perviamente um destino, embora tal se possa revelar complicado. Demasiado perto, e a sensação de vazio e insatisfação não nos abandonará. Demasiado longe e talvez nunca mais lá cheguemos. Além disso de ambos os modos se perderia grande parto de encanto da vida, que provém do imprevisto. Então, porque não aqui? Afinal, é mais fácil mudarmos a nossa visão do mundo do que o mundo em si, e o único vale encantado que iremos encontrar é o que encantarmos sob os nossos pés.

Filipe Morais

O outro lado

Nos confrontos de ideias, surge frequentemente a tirada acusadora "Achas que tens sempre razão" (as mulheres são especialmente terríveis neste aspecto). No entanto, se analisarmos a questão, parece uma afirmação bastante redundante e inofensiva. Eu pelo menos, e espero poder contar com o apoio do leitor neste ponto, não me daria ao trabalho de defender as minhas ideias se não acreditasse nelas. E sendo "picuinhas" o verbo achar dá-nos uma certa margem de dúvida que nos salva da pele de arrogantes. E só me parece saudável e prova de auto-confiança achar que se tem razão até demonstrado o contrário. Claro que isto não implica a imediata invalidez de todas as outras opiniões. Aliás, nada como o confronto ou a crítica negativa para enrijecer uma tese, contando que não a destruam. Afinal, o que não nos mata torna-nos mais fortes, ou pelo menos é o que dizem na tropa. Se estiveres neste ponto a pensar que estupidez, faz o favor de discordar. Por enquanto acho que tenho razão.

Filipe Morais

domingo, 19 de abril de 2009

Mais Um Texto

Cheguei à pouco tempo da nª corrida do metro,(nª=enésima, com n pertencente aos números naturais, se não perceberam alegrem-se e os meus parabéns, saber estas gírias matemáticas idiotas não dá felicidade a ninguém) um percurso de 15km começando em sete rios e terminando no Rossio. Para os leitores mais assustadiços, não se alarmem! Este blog (ainda) não se tornou num diário lamechas e aborrecido, apenas me parece interessante ter uma expeiência concreta sobre a qual "reflectir" (claro que não se pode chamar reflexão aos disparates que surgem por aqui, mas infelizmente a língua portuguesa não tem nenhum palavra para representar tal singela actividade). Ora bem, começando com um ritmo não muito elevado (há que poupar combustível, a crise é lixada) ao chegar aos 6km senti-me suficiente bem para acelerar um pouco, talvez também influenciado pelo alucinante ritmo dos Dragonforce proveniente do Ipod(eles realmente sabem spammar a guitarra eléctrica como ninguém). Ora infelizmente parece que o indicador de combustível não funciona muito bem (e tocar guitarra cansa menos do que correr), pois aos 10km o depósito começou a dar de si. Felizmente a recta final (que na realidade não é uma recta) consistia numa simpática descida, pelo que pude engatar o ponto morto e deixar o motor descansar um bocadinho. Ora ao chegar à marca dos 14km, desta feita ao som dos Rise Against, voltei a acelerar bruscamente (como a maioria dos outros participantes) fazendo o melhor tempo nesse último km(15-14=1, para os de letras). Isto deve-se mais ao estimulante desejo de ir descansar do que propriamente tentar fazer um melhor tempo. Ora bem, que ilações se podem tirar daqui?
1º-Descer é mais fácil do que subir(ah pois é, nós futuros engenheiros percebemos de física e destas coisas).
2º-Não temos grande noção dos nossos limites. A noção que vamos adquirindo advém puramente da experiência, e não de uma avaliação racional da nossa condição física.
3º-Dragonforce e Rise Against são bons sons ( se alguma simpática leitora não perceber de onde tirei esta brilhante conclusão, combinamos um cafézinho que eu explico; se algum gajo não percebeu sinceramente estou-me nas tintas)
4º-O gestor de esforço físico do corpo humano é bastante estúpido. Correr mais rápido para chegar à meta mais depressa e ir descansar é sem dúvida dos raciocínios mais idiotas que já vi. No entanto o corpo tende a obedecer-lhe e não à lógica (que sem dúvida faria uma melhor gestão!) porque deus na sua preguiça e incompetência nos trocou as hierarquias todas (daí os rapazes apaixonados serem tão patetas). Quando morrer hei-de pedir o livro de reclamações.
5º-De qualquer experiência, por mais simples e banal que seja, se podem tirar ilações. Por seu lado, o número de ilações que se podem tirar é proporcional ao interesse da experiência, ao quadrado da imaginação do ilator(isto existe?) e à exponencial da parvoíce do mesmo. Se considerarmos que correr é uma actividade relativamente interessante, penso que podemos concluir que não sou muito dotado nos outros dois factores (ou talvez esteja a suprimir ilações!)
Querendo-me despedir antes de cair pa frente (o meu portátil é frígido e não reage bem ao contacto físico) dou então por terminado mais este texto.

Filipe Morais

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Patinho Feio

Gostaria de começar por salientar que o leitor não é normal. E não, não é num bom sentido, mas no único sentido que realmente faz sentido: o de não ser, de facto, normal. Portuê perguntas tu, pensando que o anormal sou eu. Bom, de facto é verdade. Na realidade não existe ninguém verdadeiramente normal, ou pelo menos ainda não tive a infelicidade de conhecer tal personagem, que de qualquer modo me parece bastante desinteressante. Ser normal hoje em dia é a maior anormalidade que se pode imaginar (e má filosofia de engate ainda por cima!). Finalmente dicas de engate pensas, interrogando-te porque demoraram tanto. (Num pequeno aparte para os mais observadores, a mudança de tom semi-formal para o tratamento por "tu" não foi errónea ou acidental. E não, também não se trata de nenhum genial recurso estilístico, simplesmente apeteceu-me). Ora por um lado sendo um blog público, não tenho meio de saber se o leitor merece tal aconselhamento, ou se lhe daria bom uso. Mais importante ainda, é certo e sabido que a minha legião de fãs do sexo feminino excede largamente os meus leitores masculinos, pelo que expôr aqui tais conteúdos poderia ofender uma grande parte dos leitores. Vou abster-me, portanto, de oferecer tais conselhos. Agor que convenci todos os homens de que definitivamente não vale a pena ler o isto (excepto talvez um ou dois homosexuais) vou regressar ao tema (se é que merece tal designação deste texto. Parece estranho, dado o conceito de normalidade, não existir ninguém que o preencha? Bom, numa desnecessária alegoria explicativa poderia dizer que estatisticamente o Jardel marcava 1,5 golos por jogo no Sporting (na realidade atirei um número ao calhas mas, claro, já não está nenhum rapaz a ler isto para me desmentir!), no entanto, como é óbvio nunca marcou 1,5 golos num jogo. E numa espectacular jogada de génio, após me livrar da ausência masculina, consegui agora afuguentar as minhas lindas leitoras com uma breve menção de futebol. O meu público está agora, portanto, limitado aos homesexuais. Assim, antes que a conversa comece a descambar, retiro-me discretamente. Beijinhos a todos

Filipe Morais

domingo, 5 de abril de 2009

Santos e Pecadores

Desde sempre (ou pelo menos desde que começou a viver em sociedade) que o ser humano se esforça por distinguir o bem do mal, e passar esse conhecimento às gerações futuras. Então porque raio não aprendemos nada? Uma boa resposta poderia ser que na realidade aprendemos, mas preferimos não ser "bons". Porquê? Bom, para já não acarreta grandes vantagens, muito pelo contrário. Ou talvez tenha simplesmente passado de moda. Tal resposta não seria certamente mentira, todos agimos por vezes de um modo admitidamente errado, mesmo na altura do acto, por proveito próprio ou de outrem (estranho agirmos contra as nossas próprias convicções não?). Por que o fazemos? Simplesmente, porque humanamente não conseguimos ser imparciais na ponderação de interesses, ainda que não o queiramos tendemos sempre a pôr os nossos interesses e os dos nossos amigos à frente dos de um desconhecido por exemplo. "Fala por ti" pensa o leitor, reflectindo sobre todas as boas acções que efectuou hoje, e talvez as que efectuará amanhã. Não querendo ofender ninguém mas forçado por um voto de sinceridade (claro que é treta mas é o meu blog logo posso escrever o que me apetecer) vejo-me obrigado a anunciar que não acredito em santos. Não acredito que alguém seja capaz de praticar apenas o bem, até porque esse conceito se revela, triste mas sistematicamente, relativo.

O que é afinal uma boa acção? Para alguns tal seria uma acção que, pesados todos os prós e contras, gerasse mais felicidade que miséria. Claro que, mesmo que considerando que conseguimos avaliar a felicidade gerada imparcialmente, ainda assim qualquer idiota conseguiria apontar objecções a esta teoria. Em primeiro lugar, a irrelevância da intenção não parece, de todo, aceitável para a classificação do agente consoante as suas acções. Claro que poderíamos dizer que uma acção foi boa, apesar de o seu praticante não o ter sido. Fazendo isto teríamos que definir o bom agente não como aquele que pratica boas acções mas como aquele que o faz com boas intenções. Não que isso tenha alguma coisa de mal, apenas complica um pouco a questão. Em segundo embora talvez primeiro lugar (tudo depende do modo como organizamos as coisas), tal teoria parece não se enquadrar verdadeiramente naquilo que consideramos certo e errado. Imaginemos a seguinte situação: um jovem ladrão rouba (sem que a incauta vítima se aperceba) 2 euros a um velhote. Ora o velhote, já meio taralhoco, não faz ideia de quanto dinheiro tinha, logo nunca dará pela sua falta. Podemos assim dizer que o seu nível de felicidade se manteve. O ladrão por outro lado encontra-se feliz, tanto por ter mais dinheiro como com a sua perícia por ter conseguido roubar um velhote taralhoco. Não vamos considerar que o ladrão fica com remorsos, não só porque seria provavelmente mentira mas também porque tal destruiria o objectivo da história que tanto trabalho me deu a inventar (nem por isso, mas mesmo assim é de se aproveitar). Assim, segundo esta teoria, tal roubo seria uma boa acção, mas a meu ver tal só é verdade se eu for o ladrão.
Outra teoria, mais centrada na intenção, defende que uma boa acção, para além de gear bons resultados, tem de ter uma intenção altruísta, por outras palavras, praticar o bem não pode dar satisfação ao agente, pois tal tiraria o mérito que uma boa acção necessita. Parece fazer sentido, mas no entanto é também um pouco estranha, pois que tem de errado aquele que gosta de praticar o bem? Não seria tal indivíduo um verdadeiro santo? Em última análise, parece-me que tal raciocínio nos leva a concluir que não há, nunca houve nem nunca haverá uma boa acção.

Voltando um pouco atrás, o bem e o mal não são conceitos naturais, são conceitos humanos. Ora se fomos nós que os "inventámos" porque temos tanta dificuldade em defini-los? Talvez porque sejam indefinivelmente relativos e pessoais. Em "A Bruxa de Oz" (*), uma obra notavelmente estranha (e notavelmente notável se me perdoarem a ridícula expressão) Gregory Maguire reflecte, entre outras coisas, sobre a essência do bem e do mal (parece que afinal a bruxa má até era uma gaja porreira! embora não muito gira). A certo ponto no livro uma das personagens diz algo do género (*2): A tua grande capacidade para o mal advém de acreditares demasiado piamente na tua capacidade para o bem. Esta afirmação retrata bem o carácter relativo destes conceitos e também o perigo de crenças obcessivas. Não é por acaso que a maior parte dos terroristas são fanáticos religiosos.

Outra citação, esta de Daniel Defoe em "A System of Magick" comenta: É bastante estranho que os homens gostem de ser considerados mais malvados do que são. Tristemente verdade, embora talvez não tão estranho assim. Num mundo onde a honestidade e a soliedariedade são confundidas com fraqueza, impõe-se a lei da selva que nos leva a tais atitudes. Num último comentário, todos somos pecadores, se não para nós mesmo e o nosso deus, então para outros e outro deus qualquer.

Se chegou até aqui, parabéns, o texto está quase a acabar. Alegra-me que o tenha lido e portanto foi com certeza uma boa acção. Se simplesmente leu o título e passou para este último parágrafo, temos pena mas não há nenhum resumo do texto. Posso apenas adiantar que não é sobre a banda.

Filipe Morais

(*)"Wicked" no original, sendo a sua sequela "O Herdeiro de Oz" traduzida de "Son of a Witch"
(*2)O livro tem quase 500 páginas e não me quis dar ao trabalho de procurar a citação exacta (se nem me dou ao trabalho de escrever 500 por extenso!) mas de qualquer maneira não há-de ser muito diferente.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O casino de Deus

Se o caro leitor já teve a infelicidade de se deslocar a um dos múltiplos estabelecimentos onde incautos e imprudentes indivíduos apostam as suas vidas, provavelmente terá saído a pensar "Que azar!". Azar esse que, obviamente, se reflecte em sorte para o casino (se lhe sucedeu o inverso, os meus sinceros parabéns). Afinal de contas, sorte e azar são faces da moeda do acaso, aquilo que vemos depende da perspectiva com que a olhamos. Mas voltando ao casino; centremo-nos de momento naquela que é, creio eu, uma das suas maiores fontes de rendimento: a roleta. Obviamente que o banal jogador não consegue prever onde a esquiva bola irá parar, mas consideremos aquilo que realmente está em jogo. Certamente não discordarão se afirmar que a bola não tem qualquer vontade própria passível de interferir no seu movimento. O desenlace depende assim apenas da velocidade inicial da bola e do prato de jogo, causas directas da acção do croupier, e das restantes forças intervenientes (como a de atrito). Sabendo todas estas, poderíamos definir com precisão todo o movimento da bola, incluindo a sua posição final. Parece assim que não há qualquer acaso envolvido e que, num certo sentido, o croupier determina o vencedor. O resultado estava portanto pre-destinado desde o momento em que a bola se liberta das mãos do croupier. A acção humana surge assim, à primeira vista, como a única fonte de aleatoriedade do jogo. Mas não será ela a expressão de uma outra causalidade? Parece-me razoável considerar que esta é o resultado do estado físico e psicológico do agente (visto que a própria vontade do agente é uma consequência destas). O estado físico é perfeitamente definível (embora talvez não por nós). Quanto ao estado psicológico, não será ele também definido por um infindável conjunto de variávels que não conseguimos ver ou compreender? Se tomarmos isto como certo podemos considerar então que a própria acção humana se encontra destinada. Schopenhaeuer abordou esta questão de uma maneira interessante "Um homem pode fazer o que deseja, mas não pode mandar nos seus desejos". Parece assim que o cosmos é uma intricada teia de relações de causalidade. Estes raciocínios conduzem-nos a uma filosofia determinista segundo a qual, tendo em conta a situação presente de todas as variáveis em questão, poderíamos determinar o futuro, pois este seria uma consequência directa do momento actual. Segundo esta perspectiva, a liberdade de acção obtém um sentido muito mais estricto, visto que ao fim e ao cabo ninguém pode evitar aquilo que é e aquilo que faz. Num certo sentido, livra-nos assim da responsabilidade.
Esta corrente parece ir contra a maioria das religiões, no sentido em que Deus (geralmente) atribui ao Homem a liberdade de acção. Mesmo a Ciência parece desviar-se desse caminho: ao longo do século novas teorias (ainda hoje amplamente aceites) geralmente associadas à mecânica quântica rejeitam noções de causalidade total, reduzindo-as a meras probabilidades. Assim, nenhum acontecimento poderia ser dado como certo a partir de determinadas condições, apenas poderíamos aferir a sua probabilidade. De modo a explicar melhor, vou adiantar um exemplo transmitido pelo meu antigo professor de física. Imaginemos um indivíduo dentro duma sala que não se encontra selada. Teoricamente, seria possível que todo o oxigénio da sala, sem nenhuma acção externa que o levasse a tal, se concentrasse numa qualquer zona da sala, asfixiando o indivíduo até à morte. Provável? Obviamente que não. Isto apenas demonstra como algumas das novas teorias científicas expressam até as causalidades aparentemente mais directas e óbvias através de probabilidades gigantescas. Será esta névoa de incertezas apenas fruto da nossa ignorância, estando cegos a variáveis desconhecidas que nem conseguimos imaginar? Não conseguirmos estabelecer relações de causalidade directa não quer dizer que elas não existam, podemos apenas não estar cientes de todos os factores em jogo e ser, de facto, tão determinados quanto uma bola de bilhar. Por outro lado, pode realmente dar-se que a sorte e a coincidência tenham realmente um papel a desempenhar nos eventos, destronando assim o conceito de destino. Poderiam então talvez definir o cosmos como uma talvez infinita rede de possibilidades, umas mais prováveis que as outras, onde tudo pode acontecer.
Filipe Morais

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Viva la Vida

Todos nós desejamos ser felizes. E julgo que a maior parte de nós o é apesar de, claro, todos termos os nossos problemas. Afinal de contas, nós não somos perfeitos, porque haveriam as nossas vidas de o ser? E se fossem, isso faria de nós felizes? Deixemos (pelo menos de momento) esta questão pendente e concentremo-nos primeiro nos conceitos mais imediatos. O que é a felicidade? Para uns, a felicidade é a possibilidade de fazermos aquilo que nos dá gozo. Para outros (almas mais românticas talvez) é estarmos com aqueles de quem gostamos. E há ainda quem defenda que a felicidade advém simplesmente de a vida nos correr bem, do sucesso, a todos níveis. Talvez seja uma mistura de todos estas coisas. Ou talvez não seja nenhuma delas. Uma observação que acho importante é de que a felicidade não se relaciona linearmente com aquilo que a vida nos dá. Todos sabemos de pessoas que, apesar de terem vidas invejáveis tanto a nível pessoal como profissional, não se sentem realmente felizes. E, por outro lado, há pessoas que encontram a felicidade sob as condições mais adversas. Parece assim que a felicidade surge do contraste entre as nossas expectativas da vida e aquilo que obtemos. Num certo sentido, nós definimos quais as condições para sermos felizes. O poeta Vicente de Carvalho em tempos escreveu "A felicidade está onde a pomos/mas nunca a pomos onde nós estamos". Embora a segunda proposição se me afigure exagerada e depressiva, a frase em si reflecte bem as ideias apresentadas anteriormente.


Na sua notável obra, Admirável Mundo Novo (Brave New World) Aldous Huxley descreve-nos, numa ficção científica sobermemente concebida, uma sociedade "perfeita". Nela as pessoas são criadas em laboratório e condicionadas (desde embriões) para a sua vida futura. Isto significa que, "à nascença", o local onde vão viver, o trabalho que irão realizar, em suma, toda a vida de um indivíduo se encontra determinada. E, devido ao condicionamento, essa vida é tudo aquilo que o indivíduo deseja. Podemos dizer que tal indivíduo não pode ser feliz pois não é livre? Talvez. Mas, se definirmos liberdade como a possibilidade de fazermos aquilo que queremos, não é verdade que ele faz tudo aquilo que quer? E devemos ter pena do escravo cujo trabalho é tudo aquilo que ele deseja? Claro que todas essas vontades não são intrínsecamente suas, foram-lhe condicionadas, mas, em termos práticos, poderá o resultado ser o mesmo? Tal indivíduo relembra-me certo poema de Fernando Pessoa:


"Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim(...)"

Assim como o gato, encontra-se liberto de preconceitos, ou pelo menos não os reconhece enquanto tal, pois estes afiguram-se-lhe como dogmas fundamentais e inquestionáveis. É um servo de leis, não da Natureza mas da Ciência, mas não se revolta pois é isso que deseja ser. Os seus instintos foram "programados" para corresponder ao que é pretendido dele, e não se interroga sobre a sua condição ou sobre o que mais poderia ser. Tem consciência, mas esta não o atormenta pois não tem aspirações. E como poderia ter? Tudo aquilo que é é tudo aquilo que aspiraria ser. Dito isto, como criticar uma sociedade onde todos são felizes? Podemos classificar essa felicidade como falsa, mas tal não altera o facto de que os habitantes dessa sociedade se sentem felizes; poderá ser isso tudo aquilo que realmente importa? Talvez a questão não seja a autenticidade dessa felicidade, mas sim a profundidade da mesma. Talvez esses indivíduos apenas experienciem uma felicidade superficial, não podendo aprofundá-la devido à inexistência (nessa sociedade) de conceitos como a arte, a amizade, o amor. Na obra, surge um habitante de uma sociedade "à moda antiga" que, após visitar o admirável mundo novo, tem a seguinte conversa com o director -corresponde à autoridade máxima da sociedade- Mustafá Mond:


" -Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o autêntico perigo, quero a liberdade, quero a bondade, quero o pecado.
-Em suma -disse Mustafá Mond-, você reclama o direito de ser infeliz.
-Pois bem, seja assim! -respondeu o Selvagem em tom de desafio- Reclamo o direito de ser infeliz."
Um diálogo notável, e que dá que pensar. Creio que, posto na mesma situação, replicaria as palavras do Selvagem. Afinal, de que serve a felicidade sem a possibilidade de sermos infelizes?


Filipe Morais


Agradecimentos a José Frederico Ferreira, por me emprestar a obra que, apesar de marcante, não me dei ao trabalho de comprar.





quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Vencer com as Pessoas

Quando me referiram esta obra pela primeira vez, devo confessar que não me despertou grande interesse, apesar de ter sido o meu irmão a referenciá-la (ou quem sabe, talvez mesmo por isso). Mas uma breve espreitadela à contra-capa(feita mais por cortesia do que por interesse) despertou-me um desta vez genuíno interesse. Ao longo de 256 maravilhosas páginas páginas o autor expõe o que é realmente necessário para vencer com as pessoas (não confundir com vencer as pessoas!). Maxwell (um dos maiores especialistas mundiais em liderança) crê que a chave do sucesso, mesmo a nível profissional, reside nos nossos relacionamentos com as outras pessoas. Assim transmite na sua obra, sob a forma de princípios, a melhor forma de obter tais resultados.
Gostaria de falar agora um pouco sobre dois desses princípios. Em primeiro lugar, "O Princípio da Lente". Resumido nas palavras do próprio autor, "quem somos determina a nossa maneira de ver os outros". É certamente claro que o nosso estado de espiríto modifica a nossa maneira de ver as coisas. Mas devemos ir mais longe e considerar que tudo aquilo que somos e fomos se materializa numa lente que altera a nossa visão. Por muito imparciais e objectivos que tentemos ser, toda e qualquer observação que façamos passa pela nossa lente, que pode ainda ser "desfocada" pelos nossos preconceitos, por aquilo que estamos à espera de ver. Por outras palavras, temos tendência a julgar as pessoas pelo nosso molde e/ou a deturpar o seu modo de ser de modo a coincidir com os nossos preconceitos.
Outro princípio que achei particularmente interessante foi "O Princípio dos 101%". Basicamente alerta-nos para o facto de, ao tentar estabelecer vínculos com as pessoas, não as devermos descartar quando aparentemente não estão em sintonia conosco. Pelo contrário, Maxwell aconselha "descubra o 1% em que concordamos e coloque 100% esforço para que tudo corra bem". Há variadíssimos tipos de relacionamentos e nem todos necessitam de ser motivados por grandes sintonias. Óptimos relacionamentos podem ter como base a paixão pelo mesmo desporto, o gosto pelos mesmos livros, etc... Claro que nalguns casos pode parecer impossível encontrar esse 1% de concordância. Pois bem, não há milagres. Uma citação de Darryl F. Zanuck (presente no livro) ilustra bem estas ideias "Se duas pessoas trabalham no mesmo lugar e concordam sempre uma com a outra, então uma delas é dispensável. Se nunca estão de acordo, então ambas são dispensáveis."
Em suma, se pretende ser um melhor colega de trabalho, melhor amigo, ou simplesmente ler um bom livro, vai achar interessante as palavras de Maxwell. Como se costuma dizer, o Homem não é uma ilha. Não existem vitórias a solo, apenas se pode vencer com as pessoas.

Filipe Morais

Férias!

Finalmente, férias! Quem de nós não anseia a sua chegada, ao dirigirmo-nos diaramente à escola, universidade ou emprego? Para muita gente calculo que esse sentimento atinja o seu zénite pela manhã, quando o insolente despertador acha que é hora de acordar (no meu caso, infelizmente, é o telemóvel que desempenha esse papel, o seu estatuto protegendo-o assim de eventuais agressões físicas).
Mas o que são, realmente, as férias? Num certo sentido, são as alturas onde podemos dispender do nosso tempo do modo que mais nos aprouver (perdoem-me a provável gralha gramatical, mas como raio se escreve essa palavra?) ou, por outras palavras, fazermos o que nos apetecer. No entanto, são sempre um estado de excepção, não existe aquilo que apelidaríamos de férias perpétuas. Assim podemos considerá-las como a ausência de trabalho, os escassos momentos que nos são concedidos antes de nos chamarem de volta à escravidão. O homem ocioso não tem férias, e apesar de o invejarmos pela sua ausência de trabalho e responsabilidades, ele nunca experimentará a radiosa sensação entrada de férias, especialmente se acompanhada de um sentimento de "missão cumprida". Esses breves dias brilhantes que nos são tão preciosos não serão de modo algum diferentes para ele. apenas cairíam na infindável monotonia do seu quotidiano. Por isso, creio que todos deveríamos agradecer àqueles que nos proporcionam esta maravilhosa oportunidade. Da minha parte, cumpro aqui a minha obrigação. Obrigado IST!

Filipe Morais

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Conhecimento

Desde sempre (ou desde que a palavra "sempre" tem algum significado para a humanidade) que o Conhecimento foi um dos temas preferidos da filosófica lupa humana. Parece-me portanto relevante (talvez até interessante) escrever algumas palavras sobre o tema.

Um dos aspectos sem dúvida mais abordados é o das origens do conhecimento. Certo filósofo (creio que David Hume, embora não o possa garantir) defendia que o verdadeiro conhecimento provinha apenas experiência pessoal, confiando assim (embora de modo indirecto) na nossa percepção sensorial. Uma ideia um pouco estranha, pois são inúmeros os casos em que (pelo menos aparentemente) essa confiança se revela injustificada. Claro que podemos sempre argumentar que a nossa percepção sensorial produz conhecimento verdadeiro para nós. O que à primeira vista parece um banal artíficio para justificar um raciocínio incorrecto pode revelar-se bem mais profundo. Afinal, o que é aquilo a que chamamos conhecimento verdadeiro? Intuitivamente partimos do princípio que existe uma verdade absoluta, perfeitamente independente e invariável qualquer que seja a perspectiva. Mas será que tal existe mesmo? Muitas vezes os sentidos (e seguidamente a experiência) de um ou mais indivíduos contrariam os de outros. Quem tem razão? Partimos do princípio que a maioria tem razão provavelmente dirão. Tal pode não ser sensato. Se visitarmos um hospital psiquiátrico é possível que vários pacientes estejam de acordo em relação a algo que nos parece absurdo, e nesse caso partimos do princípio de que nós (apesar de isolados) temos razão. E porque não? Afinal de contas eles são malucos e têem a capacidade de raciocínio afectada(isto é apenas um exemplo ilustrativo, não tem como objectivo atingir ou ofender ninguém). Mas não pensarão eles que somos nós malucos por não lhes darmos razão. Muito provavelmente. Portanto, que obtemos com isto? Partir do princípio de que a nossa perspectiva é a correcta é arrogante e insensato (pelo menos do ponto de vista de uma verdade absoluta). Atribuir a razão à maioria também não me parece ser metódicamente infalível. Existirá então uma verdade absoluta inatingível, que frustrantemente nunca poderemos definir? Parece-me perfeitamente aceitável acreditar que assim é. Mas também me parece que o conceito de verdade relativa não é de modo algum estúpido e irrelevante.
Por outro lado, Kant defendeu que o conhecimento verdadeiro apenas poderia ser obtido a partir da razão, a raciocínio lógico puro. Faz todo o sentido. Mas tem os seus problemas. Em primeiro lugar, o que garante o bom funcionamento do nosso raciocínio lógico? O que parece perfeitamente lógico a um indíviduo pode não o ser para outro. Mas algum deles há-de ter razão estará o leitor a pensar(se é que alguém se dará ao trabalho de chegar até aki :P). Concordo(afinal a lógica tem de ser objectiva), mas isso não resolve a questão, pois quem tem então razão? Atribuir a razão a nós mesmos é mais uma vez egocêntrico, enquanto que atribui-la à maioria é tão acertado como o era no exemplo anterior. Outro problema da teoria de Kant é o da criacção de novo conhecimento. Admitindo que a nossa capacidade de raciocínio lógico se encontra imaculada, que utilizaremos como base do raciocínio? Não podemos criar conhecimento a partir do nada, e se desprezarmos aquilo que a experiência nos ensina então podemos não ter as premissas necessárias para concretizar um raciocínio válido. A célebre citação "Penso, logo existo" parece ser o único raciocínio lógico que podemos efectuar sem medo de estarmos errados.

E prontos, chegamos assim ao fim desta divagação sem razão de ser. Muitas linhas e vários minutos depois, encontramo-nos novamente no ponto de partida sem termos chegado a lado nenhum. Não é bela a filosofia?

Filipe Morais

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Faz o que gostas! (ou gosta do que fazes?)

Provavelmente já ouviram ambas as expressões em contextos distintos, ou talvez até no mesmo contexto. É até possível que, através de um único olhar incauto e displiscente, alguns as considerem uma e a mesmo coisa. Pois bem, não são. Desprezando as diferenciações linguísticas que (perdoem-me a expressão) não interessam ao menino Jesus, uma simples análise lógica revela-as como sendo fundamentalmente diferentes.
Enquanto que a primeira sugere iniciativa e um espírito empreendedor, a segunda apela ao acomodamento e à resignação. Qual a que escolheria para lema? A primeira sem hesitar. A meu ver uma pessoa deve esforçar-se por aquilo que quer, tanto a nível profissional como a nível pessoal, e contentarmo-nos com aquilo que temos sem tentar ir mais longe não me parece uma boa política. Ou pelo menos não se enquadra na minha filosofia de vida. E porque raio estou eu a escrever sobre isto? perguntam-se vocês. Ou talvez não perguntem, mas ainda assim vou responder.
A passagem do ensino secundário para a faculdade (que como sabem realizei este "ano") implica um importante e muitas vezes difícil escolha: o curso a ingressar. No meu caso foi relativamente simples, já tinha decidido com alguma antecedência concorrer a engenharia electrotécnica. No entanto confesso que no início do ano me interroguei se estaria no sítio certo, e cheguei inclusivamente a pensar mudar para a minha segunda opção (psicologia). No entanto cheguei à conclusão que o meu interesse por psicologia era meramente lúdico, e que a nível profissional tinha acertado à primeira. O mesmo não acontece a muita gente, que se interroga constantemente se estarão no curso certo. O caso complica-se ainda a quem não conseguiu ingressar na primeira opção. Muitas vezes as pessoas aconselham a que nos ambientemos e tentemos adaptar-nos a este ou àquele curso, alegando que acabaremos por gostar. Mas e
se a ideia inicial ainda permanecer na nossa mente, urgindo-nos a lutar por esse sonho? Cada caso é um caso e não há fórmula resolvente. Penso que quando uma pessoa não se sente bem onde está deve sempre tentar mudar para melhor, ainda que tal implique um atraso (em termos profissionais) de um ou mais anos. No entao, antes de tomar qualquer decisão drástica é sempre importante o diálogo com pessoas (de preferência amigos que nos conheçam bem) de modo a tentar desenredar a nossa amálgama de sentimentos. Quem sabe, pode ser que a incerteza que nos angustia não passe de insegurança devido à mudança brusca de meio, ou até a outra razão qualquer que nada tem a ver com as nossas escolhas profissionais.

Sim!

Está neste momento em exibição nos cinemas o filme "Sim!" ("Yes Man!" no original). A mensagem central do filme consiste em estar aberto a novas e diferentes situações/oportunidades, agarrando-as quando chega a altura de modo a aproveitar a vida ao máximo. Penso que é um filme que a valer ver. Quantas vezes não dizemos "Não, obrigado", pensando para nós próprios "Acho que não iria gostar"? É certo que a experienciação de algo de novo e diferente consiste sempre num confronto com o desconhecido, o que por vezes por revelar-se desconfortável e/ou assustador. Mas nada há de pior do que a incerteza. Ao surgir uma nova oportunidade, de que serve rejeitá-la e recuar para o conforto da rotina e do quotidiano se não conseguimos abrandar o palpitar desenfreado do coração, acalmar o sangue que arde nas feias ou calar a voz que nos sussura aquilo que poderíamos ter feito, aquilo que poderíamos ser? Por isso SIM! Mais vale um ligeiro arrependimento e uma recordação amargurada (ambos efémeros e esquecidos decorrido algum tempo) do que a eterna angústia de nos perguntarmos "E se?".
Numa nota final, obviamente que não estou a sugerir que digamos Sim a tudo (como acontece a dado momento no filme). Creio apenas que, em caso de dúvida, devemos dar uma e outra oportunidade ao desconhecido de se dar a conhecer, e porventura maravilhar-nos com aquilo que tem para nos dar.

Filipe Morais

Viva o Alasca!

Este blog surgiu da nobre embora espontânea ideia de fazer "alguma coisa de jeito", embora se cumpre ou não esse objectivo seja discutível. De realçar que "alguma coisa de jeito" se refere ao acto de escrever em si, e não à qualidade dos temas abordados nem à profundidade de tal abordagem.

Sendo este um espaço aberto ao público está também obviamente aberto a todo e qualquer tipo de críticas, desde que não contenham insultos à minha pessoa, ao Eng. José Sócrates ou a qualquer outra entidade que não queira ver insultada. Dito isto posso desde já afirmar que não recusarei/apagarei qualquer comentário desde que respeite essas condições.

Gostaria ainda de dizer que, apesar de ser obviamente um espaço de exposição e discussão informal, farei um esforço para utilizar uma linguagem correcta e precisa, estando portanto receptivo (e porventura agradecido) a quem apontar falhas linguísticas e/ou gramaticais.

Uma última nota, referente ao titlo do blog. Como devem ter pensado, à primeira vista "Viva o Alasca!" não parece fazer muito sentido. Posso informar-vos que tal era o titlo de um dos livros de BD de Calvin&Hobbes, par de personagens que acompanharam e coloriram a minha infância.
Calvin, ignorando o seu lado mais traquinas, pode ser olhado como um miúdo espontâneo, fiel aos seus princípios e sem medo de expôr as suas opiniões (embora tanto uns como as outras fossem muitas vezes de moralidade discutível). Hobbes sempre se me afigurou mais ponderado, sábio num certo sentido, invocando a reflexão filosófica. Continuam sem ver a lógica por detrás do título? Bom, talvez não a tenha. De qualquer modo, que importa? É só um título.

Filipe Morais