quinta-feira, 29 de julho de 2010

Olhares Nocturnos

Todos gostamos de apreciar uma bela vista nocturna perdendo-se no fundo do horizonte. O que queremos entre nós e o distante é que pode variar: uns gostam de uma paisagem campestre, outros de olhar o oceano, ou o deserto, ou uma floresta.
Das referidas anteriormente, nunca vi nenhum deserto, o mar (apesar de belo) parece-me também assustador e ameaçador (tanto mais se estiver calmo, não me perguntem porquê), o campo parece-me aborrecido e solitário e a floresta pouco acolhedora, como se fosse um intruso indesejado no seu mundo paralelo.
Não, aquilo que realmente me toca o coração e acalma o espírito são as paisagens citadinas. Talvez esteja corrompido por esta aceleradamente urbana sociedade ou talvez tal se deva apenas ao meu feitio demasiado pragmático, mas o facto é que nada me parece tão bonito como as luzes de uma cidade adormecida. E não é preciso sobrevoar NY do topo do Empire State Building (as Twin Towers eram demasiado altas aniway) ou espreitar Paris da Torre Eiffel para perceber do que estou a falar, gosto também de vários spots neste nosso cantinho do mundo:
-Adoro a vista do meu 4º andar em Telheiras. Apanha uma parte do eixo N-S e não acho nada mais relaxante do que ver passar os carros solitários às tantas da noite, como que perdidos no turbilhão das nossas vidas.
-A ciclovia que liga o Cais do Sodré a Belém, que eu teimosamente utilizo como percurso de corrida também oferece umas belas vistas.
-A costa algarvia vista do mar, isto é, estando dentro de um barco ou numa ilha mais a sul (como o local onde passo sempre parte das minhas férias).

E com isto despeço-me da cidade por um (sempre curto de mais) mês de merecidas férias no algarve.

Filipe Baptista de Morais

terça-feira, 20 de julho de 2010

Peças de um Puzzle

A meu ver as pessoas são como peças de um puzzle, mas peças inteligentes que procuram encaixar aqui e ali.
Cada um de nós tem as suas próprias curvas e arestas, que nos permitem encaixar naquela peça mas provocam um atrito incomportável noutra. Podemos alisar certas das nossas pontas, mas alterar a nossa estrutura está fora do nosso alcance, assim como podemos moldar apenas um pouco dos puzzles à nossa volta.
A questão que se coloca creio que é óbvia e aparente: como sabemos que encaixámos na peça certa? Como podemos sequer saber se tal existe? A meu ver a 2ª questão torna-se irrelevante quando pensamos na primeira. Entre tantas peças existentes, seria simplesmente impossível encontrarmos a peça certas, pelo que não interessa minimamente se ela existe. Acho que podemos perfeitamente encaixar nas peças que quisermos desde que o puzzle fique bonito.
Desengane-se quem achar que estou a falar de gajas: as "peças" a que me refiro podem ser tudo desde os nossos amigos, aos nossos passatempos, aquilo que comemos ou o sítio onde vivemos.
Apesar disto creio que não há dúvida que as férias são neste momento a "peça" certa para mim.

Filipe Baptista de Morais

terça-feira, 13 de julho de 2010

Falta de Brio

Há poucas semanas atrás foi notícia por aí fora que 75% dos estudantes universitários copiavam. Estas estatísticas, mais do que surpreendentes, são a meu ver incrivelmente tristes. Não é a falta de honestidade que me preocupa, a meu ver se ninguém é prejudicado (pelo menos à primeira vista) então desde que se sintam bem consigo próprios tudo bem. O que acho realmente preocupante é a falta de brio que está por trás do acto.
A meu ver o problema em copiar não está em revelar falta de conhecimentos ou estudo, tal combate-se facilmente. Mas a falta de brio é algo muito mais intrínseco e é portanto preocupante o seu nível de generalização. Se não queremos ter orgulho em nós próprios, como podemos esperar que os outros o façam?
Outro aspecto que me faz confusão é a perspectiva com que se olha a faculdade. Tanto quanto sei, não me inscrevi apenas para sair com um diploma, mas aprender os conhecimentos que ele supostamente subentende. Sendo assim parece-me parvo tentar "contornar" o sistema. Dá a ideia que o ideal era um gajo inscrever-se no curso e no dia seguinte ir lá buscar o canudo.
Temos 18,19, 20+ anos. Chega a uma altura em que temos de crescer.

Filipe Baptista de Morais

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Música do Coração

Todos sabemos quão espantoso pode ser o impacto de uma canção. Pode fazer uma pessoa reflectir, chorar, ou então pôr multidões aos berros e aos pulos. É assim totalmente desnecessário divagar sobre o poder que a música tem sobre as nossas emoções, visto ele ser tão óbvio e aparente.
O livro/filme "Alta Fidelidade" (já referenciado nestas bandas) levanta uma questão muito mais interessante: a correlação entre o nosso estado de espírito e o tipo de música que ouvimos. "Oiço música POP porque estou triste ou estou triste porque a oiço?" interroga-se o personagem principal que, se fosse real, certamente ficaria triste por não me recordar do seu nome. O auto aborda assim de uma forma muito interessante a reciprocidade entre música e emoções.
Curiosamente no meu caso passa-se um pouco o oposto (e não fosse eu do contra!), isto é, gosto de ouvir músicas mais mexidas quando estou em baixo e só oiço as mais calmas e tristes quando estou de facto alegre. Penso que a isto se chama psicologia invertida (os peritos que me perdoem a calinada se de tal se tratar). Claro que esta divergência surge de um acto racional, de tentar animar o espírito com música alegra quando se está mais em baixo o que justifica um pouco as minhas acções e mais uma vez prova o grande efeito que as canções provocam em nós.
Os leitores mais atentos provavelmente notaram a displicência e indiferença com que emprego os termos "música" e "canção". Não é que julgue serem a mesma coisa (12 anos numa escola de música sempre me foram ensinando umas coisitas) mas passa-se que, salvo raras excepções, músicas não cantadas ou sem letra não surtem grande efeito em mim. E quando surtem geralmente é por associação indirecta (ex: "For the Love of a Princess" faz-me sempre lembrar o filme "Braveheart"). Desculpem-me os amantes de música clássica e afins mas a maioria das sinfonias de Mozart e afins não me diz grande coisa.
Como somos todos capazes de pensar, interrompo aqui a minha pequena reflexão e convido o leitor a terminá-la para si mesmo.

Filipe Baptista de Morais
(28/06/2010)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

July

É verão, estamos em julho, o calor é abrasador e apetece-me falar um pouco sobre aquilo que está na cabeça de tantos de nós. Aqueles que acham que vou falar de gajas em bikini vão ter de esperar mais um pouco, de momento estou a referir-me aos exames.
Sendo assim vou debruçar-me um pouco sobre a minha época de preparação: conselhos, recomendações, desabafos, entendam-nos como quiserem, no fundo são apenas um relato dos meus métodos.
-Evito ao máximo estudar em casa. Em primeiro porque acho que ajuda inconscientemente à concentração ter um local dedicado ao estudo (faculdade), e também porque gosto mais de estudar em grupo. Assim podemos explicar coisas uns aos outros e ajudarmo-nos mutuamente.
-Odeio bibliotecas e todos os locais em que se tem de estar em silêncio. Em primeiro porque gosto de ir falando se estiver com amigos, e mesmo que esteja sozinho o silêncio absoluto perturba-me a concentração. Se estiver em casa, para estudar no quarto ligo a televisão da sala de modo a criar barulho de fundo ^^
-Não gosto de mecanizar procedimentos sem perceber os seus fundamentos. Embora por vezes necessário, faz com que nos esqueçamos mais rapidamente dos mesmos além de não conseguirmos detectar certas nuances por vezes importantes.
-Acredito seriamente que é importante que o estudo não perturbe a rotina imposta normalmente. No meu caso sob a forma de treinos de ténis e idas ao ginásio, creio que tudo aquilo que temos um horário por cumprir devemos manter, fazendo as adaptações necessárias. A maneira é mais fácil é geralmente realizar o estudo no prévio horário de aulas.
-Descontrair, descontrair, descontrair. A mente é mimada e não funciona se não a tratarmos como deve ser. Tal como há aqueles avisos para os jogos de playsation "se jogar durante muito tempo, faça uma pausa de x em x horas" o mesmo se aplica para o estudo. Snooker (4euros/hora no pavilhão central), desporto, uma ida ao ginásio, uma jola no bar mais próximo ou um simples coffee break com os amigos, qualquer actividade lúdica é importante para manter o rendimento elevado. Nunca passo um dia inteiro a estudar sem descontrações periódias: o rendimento decai enormemente. A excepção à regra é obviamente a véspera, em acasos de desespero extremo.
-Após um período de exames intensivos, mal apanhe uma abertazinha, tiro um day off por completo.
-Tento ter perspectivas realistas daquilo que sei, se possível realizando exames anteriores. Estabeleço objectivos mínimos e também uma meta.
-Há quem desligue o telemóvel quando está a estudar. Comigo isso só serve para me irritar e pôr ansioso: sinto-me "desligado", portanto tenho sempre o telemóvel comigo e, se estiver no computador, ligo também o messenger.
-Talvez mais importante que saber muita coisa, é acertar naquilo que sabemos. Para tal costumo fazer primeiro aquelas perguntas que são de caras, deixando as mais complicadas para o final.
-Acho que é da máxima importância não pôr o resto da vida em stand-by. Ir aos jantares de turma, combinar uma futebolada ocasional com os amigos, não negar um encontro àquela pessoa que não nos vê à meses só porque temos exames. Afinal, mesmo desprezando as pausas, todos temos que comer, e porque não faze-lo em boa companhia?
-Nunca (mas nunca mesmo) fazer directas para estudar. É simplesmente parvo, desgastante e contra-producente. Ainda mais na véspera.
-A noite da véspera não é altura para ver coisas novas. Nada como ver um filme, ler um livro, ouvir uma musiquinha romântica, relaxar. Nos minutos que antecedem a prova idem, quanto muito pode dar jeito decorar aquela fórmula mais complicada de modo a ser fácil de relembrar. Se não for o caso nada como ouvir músicas moralizadoras. Pessoalmente aconselho Dragonforce, Rise Against e outras que tais (como "Go for the Goal", dos POP).

Filipe Baptista de Morais