domingo, 24 de outubro de 2010

Corrida do Tejo

Nome da Prova: Corrida do Tejo
Comprimentos: 10Km
Data: 24 de Outubro de 2010
Objectivos Mínimos: - 45m
Desafio Pessoal: - 42m
Melhor Tempo em Provas do Mesmo Comprimento: 42m 34s

Embora pudesse parecer demasiado ambicioso o objectivo de baixar a minha marca dos 42minutos (após ter feito 46minutos na última prova do género) é preciso ter em conta que essa foi a primeira prova da época, para além de que como referi na altura não me preocupei então muito com o tempo nem me senti especialmente cansado no final. Para além disso, o bom resultado na meia maratona do Porto deu-me confiança, sendo que de qualquer modo me sentia em forma. A organização da prova foi, como nos restantes anos, impecável; dois apoios ao longo da prova (aos 3Km e aos 7Km), a zona de partida organizada por tempos (atletas mais rápidos partem à frente de modo a evitar o caos inicial), porta-estandartes e T-shirt técnica e muito gira também. Para quem não sabe do que estou a falar, um porta-estandarte é um atleta contratado pela organização que corre a um ritmo regular uma bandeira por cima a dizer o tempo que vai fazer, podendo os restantes atletas guiar-se assim por eles.

Sendo o meu melhor tempo à data 42m34s, tal deu-me acesso (davam-nos umas pulseiras tipo as das discotecas no algarve) à zona de partida dos sub 45, mas mantendo-me ainda afastado das mais desejadas zonas dos sub 42 e sub 40. Tal revelou-se muito relevante, visto que havia cerca de onze mil participantes e portanto a confusão era muita. Antes da partida avistei mais à frente (na tal cobiçada zona de partida dos sub 40) o porta-estandarte respectivo e decidi tentar acompanha-lo. No entanto após o tiro de partida a confusão na minha zona (faltou a pulseira para a guest zone!) era tanta que o perdi imediatamente de vista. Logo por azar (tosquice vá) os atacadores do ténis esquerdo desapertaram-se perto do marco do 3ºKm, pelo que tive que fazer uma pequena paragem para os voltar a atar. Mais que o tempo perdido (cerca de 15s) conta o esforço (essencialmente mental) que tive de fazer para voltar a entrar no acelerado ritmo que me impunha. Já perto do marco do 6ºKm consegui finalmente avistar (ao loooooonge) o porta-estandarte que tinha decidido acompanhar, e fui gradualmente encurtando a distância. Por volta do 7ºKm passei no segundo posto de apoio, mas nesta altura outra necessidade sobrepunha-se à necessidade de beber: a necessidade de respirar. Rejeitei assim as bebidas que me ofereciam de modo a tentar manter o fôlego. No último quilómetro já me encontrava a uns meros 30m do porta-estandarte, pelo que decidi acelerar para tentar ultrapassá-lo. Má ideia como se veio a revelar: certamente que cheguei perto (10-15m) mas então os pulmões (ou as pernas?) resolveram finalmente dar de si, e cruzei a meta já uns bons 15 segundos após a minha presa. No entanto fiz mesmo assim um excelente tempo para aquilo que tinha vista (39m e 42s), estabelecendo um novo record pessoal, cumprindo o desafio que tinha proposto para prova e ao mesmo tempo aquilo que queria atingir até ao final da época (-40m). Para efeitos estatísticos posso revelar que fiquei em 377º (pode parecer mau mas se nos lembrarmos que são 11000 atletas é top 5%).

Gostaria ainda de agradecer ao compatriota atleta anónimo que me deu boleia até meio caminho do parque dos poetas (que no mapa parecia bem pertinha mas afinal era longe como o raio).

Filipe Baptista de Morais

sábado, 23 de outubro de 2010

Os opostos atraem(-me)

No outro dia perguntaram-me qual era o meu desporto favorito. Uma pergunta pertinente, já que me é difícil escolher de entre as minhas actividades desportivas preferidas: ténis, futebol e corridas de fundo (aqui ordenadas pela frequência com que as pratico). Isto fez-me pensar em como são diferentes os três desportos (não sei se as corridas de fundo são tecnicamente um desporto mas whatever). Decidi assim fazer uma breve exposição sobre a minha forma de ver estas três actividades, as suas diferenças e aquilo que me atrai nelas.

A mais óbvia e porventura importante diferença é o número de intervenientes: futebol é um desporto de equipa, no ténis estamos sozinhos com o nosso adversário e no atletismo (visto de um modo mais abstracto) nem precisamos de adversário. Isto tem várias consequências que são (a meu ver) interessantes. O facto de jogarmos em equipa é em si um forte factor de motivação: queremos impressionar os nossos companheiros, não queremos de todo desiludi-los e apenas temos que ter cuidado em manter os interesses da equipa acima dos nossos interesses pessoais. Podemos dar e receber indicações, (é comum a expressão "patrão da defesa") facilitando a vida ao colectivo. O jogo em equipa cria também um certo clima de camaradagem e convívio, tornando-se facilmente num agradável hobby. No ténis temos que criar a nossa própria motivação, através (por exemplo) de um ardente desejo de vencer. No atletismo tal pode revelar-se ainda mais difícil, já que (pelo menos na forma como eu o pratico) raramente competimos com alguém em particular que não nós próprios. É assim necessário termos um forte espírito auto-competitivo, uma forte vontade de nos superarmos a nós mesmos. A falta de adversário leva-nos ainda a outra elação: não há provas fáceis no atletismo. No futebol e no ténis há sempre aqueles jogos/partidas em que o adversário simplesmente não está à altura, não requerendo portanto grande esforço. Quando somos o nosso próprio adversário temos assim a certeza de que iremos ser confrontados com um desafio e que temos que dar tudo. Os jogos de equipa têm ainda esta componente: quando falhamos pode haver alguém que compense a nossa falha. Neste sentido um court pode tornar-se um local solitário quando as coisas não nos correm de feição. Mas claro que sentirmos que estamos a comprometer toda uma equipa também não é de todo, sensação desagradável compensada pelo hero status sou o rei do mundo quando elas nos correm de feição.

Outra grande diferença é o sistema de pontuação. O futebol é um desporto quente, um jogo que pode durar mais de uma hora mas resolver-se em meia dúzia de momentos chave. Isto faz com que seja um desporto vivido muito intensamente, capaz de provocar grandes alegrias e também grandes tristezas. Por outro lado isso torna-o também "injusto", podendo-se ganhar e perder jogos com lances fortuitos irrepetíveis. No ténis tudo é diferente. Para chegar a um match point é necessário toda uma construção de jogo que implica várias vitórias parciais. No entanto não ganha o jogador que vencer mais pontos, de facto chegou-se estatisticamente à conclusão que o factor mais determinante para a vitória são as séries de quatro pontos consecutivos. Mesmo assim parece-me um sistema mais equilibrado, sendo relativamente raro considerarmos (imparcialmente) o desfecho de um encontro "injusto". O facto de o sistema de pontuação não ser simplesmente uma contagem linear provoca esse pequeno grau de "injustiça", mas cria toda uma nova dinâmica de relevância dos pontos que torna o desporto muito mais interessante ao nível psicológico, uma componente que obviamente tem que se considerar inerente ao próprio. Focando outro aspecto, no ténis não há empates, o que elimina certas opções estratégicas que geralmente são adoptadas quando tal é permitido. No atletismo (amador, repito) trata-se mais de estabelecermos os nossos próprios objectivos pelo que, de certo modo, somos nós que decidimos se ganhámos ou perdemos. Daí que (como podem constatar nos relatos que faço das provas) eu ache necessário importante definir metas antes das corridas. É também (à semelhança do ténis) um desporto de continuidade: não são os últimos cem metros que definem o tempo que demoramos a percorrer dezenas de quilómetros.

Gostaria também de fazer uma breve reflexão sobre o equipamento necessário para cada actividade e o que isso implica. Para correr necessitamos apenas da vontade de o fazer. É algo que nos é inerente, natural. Todos corremos: mais rápidos, mais lentos, durante mais tempo ou num breve sprint, e acredito que a maioria ficaria surpreendida ao ver aquilo de que é capaz. E podemos fazê-lo em qualquer lado, sendo que marcar a partida e meta em casa surge como uma escolha relativamente óbvia. Para jogar futebol já precisamos de uma bola e de um recinto próprio, isto é, de um meio adaptado para essa prática. Isto geralmente significa que um jogo implica uma deslocação, geralmente tornada agradável pela companhia do resto da equipa. Mais uma vez a componente de convívio sobressai neste desporto. O ténis vai ainda mais longe: além do court e das bolas precisamos da raquete, que tem de funcionar como uma extensão do nosso corpo. Isso torna-o um desporto mais artificial, fabricado, cujos movimentos são pouco naturais e têm de ser aprendidos. Criar algo assim é semelhante a uma invenção física: requer uma profunda reflexão com um intuito em vista, neste caso criar algo divertido. Este afastamento em relação à nossa natureza torna-o também mais elitista, facto agravado pelos custos que o desporto comporta. É ainda, quando praticado pelas pessoas certas, um desporto extremamente elegante, faz-me lembrar o ski por acaso.

Por último, a duração. O futebol tem uma duração temporal delimitada o que permite fazer uma certa gestão de esforço (físico e mental) em função disso. Já no ténis tal não acontece, a partida só termina quando vencido o adversário (ou o oposto) o que a mim me parece um conceito mais interessante, especialmente em termos psicológicos. No atletismo a duração também é sempre variável (já não falando no comprimento da prova) consoante o esforço que despendemos e a forma como o fazemos. É curioso que o esforço aumenta tanto com a velocidade a que corremos, como com o tempo que corremos, mas este último varia inversamente com a velocidade. Podemos assim considerar o esforço uma espécie de variável a duas incógnitas, cujas valores temos de descobrir para optimizar a performance. É isto que é difícil e interessante nas corridas. Nada nos diz qual é o nosso tempo máximo, e não podemos simplesmente fazer "o melhor possível". Pois para isso é necessário conhecer esse melhor, e então fazê-lo concretizar-se. E talvez não seja de facto "o melhor", apenas não nos ocorreu que pudéssemos ir mais além. É difícil melhorar os nossos tempos, temos acima de tudo que acreditar em nós próprios, sem nos sobreestimar, o que nem sempre é tão fácil quando se poderia pensar. Melhorar no atletismo implica portanto um processo de auto-conhecimento que apenas vem com a experiência. Sabemos que conseguimos percorrer a distância x em y tempo quando o fizermos. E para o fazermos temos que o decidir fazer antes, pois a corrida começa da linha de partida e é a partir daí que temos que marcar o ritmo. O meu treinador de atletismo costumava dizer que quando chegamos à meta vamos sempre estar todos rebentados, portanto mais vale irmos rebentados desde o início que chegamos mais depressa. Claro que treinávamos essencialmente distâncias curtas (100m,200m,400m) mas mesmo nas longas distâncias a experiência começa a mostrar-me o que ele queria dizer.

Filipe Baptista de Morais

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pelos teus lindos olhos

Certamente que já todos repararam que hoje em dia são imensas as pessoas que usam óculos e/ou lentes de contacto. Tal deve-se a uma data de razões das quais conheço decerto apenas uma pequena parte e que também não me interessam muito.
O que eu acho mais curioso são as pessoas que deixam os óculos em casa (ou decidem simplesmente não ir ao oftalmologista não vá ele prescrevê-los) apenas por razões estéticas. É certo que ninguém gosta de usar óculos: são incómodos em determinadas situações e raramente fazem algum bem à nossa aparência (embora hoje em dia já haja modelos muitos estilosos). Mas não será a capacidade de ver mais importante que tudo isto? De facto acho curioso alguém poder preocupar-se mais com a forma como o mundo o vê do que o contrário. A meu ver, a funcionalidade deve sempre sobrepôr-se à estética. Por isso é que hei-de ser engenheiro e não artista, suponho.

Filipe Baptista de Morais

domingo, 10 de outubro de 2010

Meia Maratona Sportzone


Nome da Prova: Meia Maratona SportZone aka Meia Maratona do Porto e Gaia
Comprimento: Meia Maratona (21km)
Data: 10 de Outubro de 2010
Objectivos Mínimos: - 1h 40m
Desafio Pessoal: - 1h 35m
Melhor Tempo em Provas do Mesmo Comprimento: 1h 35min 14s

De um modo geral foi uma prova bastante agradável, o percurso é em termos práticos o melhor que já percorri aka é plano (e quem me manda viver na cidade das 7 colinas?) e de resto também era extremamente agradável, sendo sempre ao longo da marginal do Douro de ambos os lados (Porto e Gaia). Uma zona extremamente bonita criando assim a perigosa vontade de parar para a absorver melhor. Os apoios não foram maus embora pudessem ser bem melhores: havia apenas um de 5 em 5Km (creio que é o mínimo regulamentar) e apenas davam águas (definitivamente o mínimo regulamentar). No entanto tinham gente suficiente em cada para garantir que todos os atletas recebiam a(s) sua(s) bebida(s) em todos os postos, a sua eficiência garantindo assim a sua suficiência para a prova. Palmas para o Powerade azul na meta (adoro de facto esta bebida). Uma caprichosa sorte permitiu-nos correr sem chuva, embora as inconstâncias do tempo nos últimos dias me tivessem obrigado a levar tanto o equipamento de verão (calções, T-shirt e Pegasus) como o de inverno (calças, casaco e Glide-GTX) para o Norte. O solzinho a espreitar na manhã da prova levou-me a decidir-me pelo equipamento veraneano com a T-shirt da prova. O facto de correr sozinho permitiu focar-me mais nos aspectos técnicos adquiridos em leituras e pela minha curta passagem pelo atletismo universitário: costas direitas, braços soltos, passada larga, calcanhares acima e toda essa treta. Segue uma discrição mais aprofundada da prova.

Partida: confusão é a palavra do momento (para variar um pouco). Os Rise Against susurravam-me (na realidade berravam mas com tanto barulho…) aos ouvidos standing no change to win but we’re not running, o que me pareceu bastante adequado: claro que não havia grandes hipóteses de bater a dezena de quenianos e etíopes que se dignaram a passar por Portugal, e no meio de tanta gente de facto não se corria grande coisa, sendo o início da prova mais parecido com uma desesperada demanda para arranjar espaço para nos conseguirmos mexer (e respirar já agora).

Decidido a não passar a prova inteira a compensar uns primeiros quilómetros desastrosos (como vem sendo habitual) acelerei mal me foi possível de modo a completar o primeiro quilómetro com o parcial de 4m e 31s (geralmente demoro acima de 5m no 1º Km devido ao encavalgamento inicial).

10º Km: Já do lado Gaia a inversão de sentido confrontou-nos com um súbito e agressivo vento-contra. Não querendo comprometer a prova com um mau parcial decidi fazer um esforço extra para me manter no ritmo. Power song on (para esta prova escolhi “Sucked In” dos Jerk) e carrega no pedal. Acabei assim por fazer o meu melhor parcial (consultar tabela abaixo) naquele que foi o quilómetro com as condições mais adversas.

12º Km: Agora eram os Dragonforce quem me tentavam animar (for victory we ride!) mas a minha mente deambulante decidiu reparar na letra da música sobre cavalgadas o que me fez pensar como seria bom ter um cavalinho para correr por mim naquele momento. Mas imediatamente me lembrei que de facto os seres humanos têm mais resistência que os cavalos (e que qualquer outro animal terrestre já agora, em termos de ultra-fundo), e da curiosa teoria segundo a qual os nossos antepassados se limitavam a perseguir as suas presas (aka jantar) até estas simplesmente desmaiarem de exaustão*. Estes pensamentos animaram-me, assim como umas rápidas contas que me fizeram ver que estava bem lançado para cumprir o desafio que me havia proposto.

16º Km: Dor de burro. Burro por no 15º Km ouvir o Ipod (graças ao chipzinho da Nike) anunciar um fabuloso ritmo de 4m/Km e achar que o poderia manter. Felizmente mal voltei a assentar os pés na terra a dor sumiu-se juntamente com as esperanças de ficar preto e correr que nem uma gazela. Bah.

Últimos 100m: Ao ver a linha da meta, ala que se faz tarde! A acabar assim em grande com um (quase) sprint e múltiplas ultrapassagens nos últimos segundos. Terminei assim com uma média de 4m21s/Km, o que corresponde a 13.793Km/h.

Como estava no comboio de regresso a casa sem nada de especial para fazer, fiz estas bonitas tabelinhas com os tempos registados em todos os quilómetros.

-

Parcial de Km

4m31s

4m29s

4m14s

4m22s

4m25s

Cronómetro

4m31s

9m0s

13m14s

17m36s

22m2s

-

10º

Parcial de Km

4m21s

4m19s

4m27s

4m38s

3m53s

Cronómetro

26m23s

30m43s

35m10s

39m48s

43m31s

-

11º

12º

13º

14º

15º

Parcial de Km

4m37s

4m16s

4m21s

4m20s

4m3s

Cronómetro

48m 18s

52m 34s

56m 56s

1h 1m 16s

1h 5m 20s

-

16º

17º

18º

19º

20º

Parcial de Km

4m25s

4m26s

4m22s

4m24s

4m5s

Cronómetro

1h 9m 45s

1h14m12s

1h18m34s

1h22m58s

1h27m4s

-

21º (Meta)

Parcial de Km

4m29s

Cronómetro

1h31m 33s

(há uma discrepância de 12s entre o meu cronómetro e o tempo oficial)

*Estas e muitas mais coisas em Nascidos para correr, brilhante livro de Christopher McDougall.


Filipe Baptista de Morais

domingo, 3 de outubro de 2010

Duros de roer

Um amigo meu decidiu organizar um jogo de futebol em Oeiras, hoje de manhã. Como rapaz precavido que sou, decidi ir ver como é que ia estar o tempo, e as indicações eram de chuva intensa e ventos fortes. Perfeito portanto. Umas mensagens e uns telefonemas e rapidamente se arranjaram 10 malucos (bom 8, tivémos que ir buscar outros dois a outras faculdades quaisquer) do técnico dispostos a ir até Oeiras apanhar chuva na cabeça e vento no focinho. E ainda dizem que a malta do técnico não quer sair de casa para não tirar os olhos do computador, injusta perseguição da opinião pública que gosta muito de generalizar, e ainda mais de dizer mal.

E lá nos fizemos à estrada, num carro sempre a bombar alto som (embora a rádio estivesse desligada) e com as luzinhas da gasolina a piscar (não quisemos atestar para não perder o efeito discoteca). Quarenta e cinco minutos depois encontravamo-nos perdidos algures ao longo da linha, pelo que pedimos auxílio a uma prestável senhora local para nos indicar se sabia onde era o campo, "sim senhor, vira ali à direita e é sempre em frente". Claro que nem 50 metros andamos antes de chegar a uma rotunda, que a bem do código de estrada e responsabilidade civil optámos por contornar desrespeitando vergonhosamente as indicações da senhora e, talvez por isso, perdemo-nos novamente.

Quando finalmente encontrámos o campo foi com alegria que verificámos que de facto estava desocupado e pronto a usar (é um campo grátis portanto há sempre o risco de já estar lá alguém). Claro que não deve haver muita gente a querer levantar-se às 9 da manhã para apanhar chuva e vento no focinho, mas com tanto maluco por aí nunca se sabe. Claro que ignorámos as condições meteorológicas e começámos a jogar a pronto. Porque a chuva molha, mas não magoa. Porque o vento empurra, mas nós empurramos com mais força (benditos os treinos no Mega Arraial da expo). Porque a relva escorrega mas nós não caímos (bom, só de vez em quando). Porque a natureza tá-se nas tintas para nós e queríamos retribuir o favor. E foi um belo jogo diga-se de passagem.

O caminho de regresso foi afortunadamente mais rectilíneo. Digo afortunadamente porque adoptámos a técnica de condução morcego, enfiando-nos por estradas e bifurcações sem conseguir ler as indicações devido à chuva e humidade. Mas Lisboa é grande como tudo, não é assim tão difícil dar com ela não é?

Deixo ainda aqui uma lista dos objectivos que tinha em mente e do seu estado de cumprimento:
- Escorregar e cair de cu: check
- Marcar um golo de cabeça: ainda não foi desta :(
- Ficar parado na auto-estrada sem gasolina: também não, acabámos por ceder e meter uns litros lá pa dentro.
-Correr um bocadinho para estar em forma para a semana: check, depois do treino de resistência na noite de 4ª e de fazer piscinas no parque das nações durante toda a noite de 5ª nada como uma futebolada para preparar ainda melhor o organismo.
-Sujar 2 conjuntos de roupa, ténis e ainda o saco e a garrafa de água: CHECK

Obrigado especial a Filipe Monteiro por proporcionar esta salganhada nesta bela manhã de Domingo.

Filipe Baptista de Morais