domingo, 30 de junho de 2013

Corrida das Fogueiras

Ontem tive o enorme prazer de participar, pela primeira vez, na Corrida das Fogueiras em Peniche. Já tinha ouvido falar nesta emblemática prova nocturna e desta vez decidi não deixar escapar. Ainda para mais sendo uma óptima desculpa para uma boa sardinhada ao almoço.

Sempre encarei esta prova mais no sentido social e turístico do que propriamente desportivo, e o facto de ir acompanhar um amigo que se ia estrear em provas de atletismo retirou quaisquer intenções competitivas que pudessem restar.

A prova tem um percurso lindíssimo, ao longo da vila e depois ao longo dos penhascos de onde se avistam as Berlengas, passando também no Cabo do Carvoeiro. Esta parte do percurso, carecendo de luz eléctrica, é iluminada pelas fogueiras que, além do nome da prova, dão ainda um ambiente totalmente mágico ao percuso. E por falar em ambiente, os habitantes de Peniche merecem sem dúvida o prémio de melhores anfitriões de atletas. Do topo dos penhascos ao centro da vila a povoação acorre em massa para encorajar e incentivar os atletas, numa adesão ao evento que nunca tinha visto em lado nenhum. A organização da prova também está de parabéns, dado que para o preço relativamente baixo da inscrição vemos de facto um retorno extremamente positivo. A enorme confusão à partida desculpa-se pelo baixo cariz competitivo da prova.

Confesso que, de início, senti algum receio de tropeçar nas zonas pior iluminadas, visto que não conseguia ver o chão. Mas, tratando-de de estrada de alcatrão, não há grande coisa para ver e só temos é que nos abstrair desses medos e concentrarmo-nos na bela paisagem e nos sons do Oceano na escuridão.


Contem comigo para o ano!


Filipe Baptista de Morais

A Nobel Day

Last Tuesday I had the pleasure to participate in the first "A Nobel Day" event, which took place in Lisbon and intends to spread around the world in a similar way to the TEDTalks. The idea of these events is to bring together Nobel Laureates, potential candidates and past nominees, within Physics, Chemistry, Physiology or Medicine, Literature and Peace into discussion panels around several interesting issues. More information can be found on their webside, http://www.anobelday.com/.

The first two panels, which were open to the public after registration, had the broad enough topics of "Financial Problems with Science" and "Future of Scientific Investigation" to interest non-health professionals such as myself.

I must say the event did not start all that great for me, with what I consider some strange and important organisation failures.
First, for some reason they thought I had signed up for the professionals sessions in the afternoon, and wanted to give me access accordingly. This was really strange, since to attend those you both had to pay a fee (which for me was marked as payed, although I obviously did not) and give credencials of your technical expertise in the area (which I obviously do not have).
Then the 1st panel's chair, Dr Maria de Belém, did not leave such a good impression. She seemed to struggle a lot with the (English) language, she wasted most of the time with off-topic issues (namely details on the current research project of the guests and talked in Portuguese a lot, while the guests stood idle and bored without understanding a word. Although one of the invited speaker did not say a word after the short introduction in the beggining, the chair made no attempt of drawing her into the discussion. Still, the panel managed to talk about some relevant and important issues, such as the excessive administrative/burocratic on head-researchers, different ways of financing research and where most of money has came from (historically) and why.

The 2nd panel was trully amazing and saved the day. The char, Dr Ritu Dhand (Nature Chief Biological Sciences Editor), had the confidence and expertise to keep a steady, relevant, interesting, informal and even sometimes funny conversation. Rather than the topics themselves, I would rather write about this odd situation that took place right in the beginning. After a particularly long question by Dr. Ritu, Professor Smithies (Nobel Price in 2007) replied "Can you rephrase that? I couldn't hear anything because I'm deaf". I recall immediately thinking Oh dear, they invited an old senile into the discussion just for his long passed achievements... This totally unfair thought illustrates two things: my grumpyness and stupidity when having woken up too early and, at the same time, the general western perspective towards older people. Fortunately I was soon able to realise my grave mistake and acknowledge Professor Smithis insight and quick thinking. It is amazing and scary the speed at which we can emmit (wrong) judgements about someone, especially when influenced by distorted stereotypes.

A very important point, stressed by several of the speakers, is the need to discuss the cost/benefits of some extremely expensive medical treatments. They seemed to believe that this lack of discussion is due to the unwillingness of politicians to bring it into public debate, since "no one earns votes speaking about death". Truthful as it may sound, doctors still have their share of responsability for not being able to reach general public more directly.

All in all A Nobel Day was an extremely interesting event which hopefully will be repeated around the world.


Filipe Baptista de Morais

domingo, 16 de junho de 2013

Marginal à Noite

Nome da Prova: Marginal à Noite
Comprimento: 8Km
Data: 16 de Junho de 2013
Objectivos Mínimos: - 34m
Desafio Pessoal: - 32m
Melhor Tempo em Provas Semelhantes: -

Uma emblemática prova do atletismo (amador) nacional, a Marginal à Noite fez jus ao seu nome. Uma prova lindíssima com um percurso fantástico, esta corrida é ideal quer para os estreantes na modalidade quer para os veteranos que lá voltam todos os anos. A distância idiossincrática (8Km), ajuda a manter um certo espírito mais amigável que competitivo, espelhado na minha ausência de melhor tempo apesar de já ter participado nesta prova anteriormente (não me cronometrei).

Este ano também não estava a pensar esforçar-me por aí além, tendo-me prestado a "escoltar" uma amiga que se ia estrear neste mundo das corridas. Infelizmente acabou por não poder participar, e dadas as condições favoráveis (metereológicas e de altitude) decide que esta prova poderia ser um bom treino para o meu objectivo de melhorar o tempo aos 10Km.

Dito, feito, terminei com uns agradáveis 31m04s ( 151º em 2300 na geral de Masculinos ). Apesar de não ter levado velocímetro consegui manter uns estáveis 4min/Km sem grande esforço ao longo da prova, tirando os primeiros 3Km que foram marcados pela enorme confusão em torno da partida (neste aspecto a organização poderia melhorar, talvez olhando para a também emblemática Corrida do Tejo). Mas consegui compensar esse atraso com uma excelente recta final onde estabeleci ainda uma nova marca: melhor parcial de 1Km com 2m38.4s, correspondendo a 22.7 Km/h.

Mais dois apontamentos negativos: a não existência de medalha de participação (esta prova merecia uma recordação sob a forma de troféu) e a estranha opção de colocar os patrocinadores na frente da T-Shirt, com os desenhos nas costas.

Mas não me entendam mal, a Marginal à Noite continua a ser uma das minhas provas favoritas, com um percurso e uma logística invejáveis e pelos quais a organização se deve orgulhar.

Para terminar ainda melhor, tomei conhecimento de uma prova de 10Km no próximo fim-de-semana que era até então desconhecida, a "Corrida Solidária Para Todos". Já me inscrevi, e espero que a nova motivação chegue para fazer "milagres".

 
Filipe Baptista de Morais

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Like Toy Soldiers

The other day I came across this video. It's about this young american, Cody Wilson (24), who's trying to design, in the computer, gun models printable in any 3D printer around the world. The implications of this, when project succeeds, will be enormous. Experts estimate that in a few decades having a 3D printer at home will be as common as owning a desktop is today. Imagine what it would be like to just google "Assault rifle printer model" and, a few minutes later, having one coming out right in front of you.

 The idealist calls himself a crypto-anarchist, and was considered one of the world's fifteen most dangerous man by the prestigious Wire magazine. Watching the video one gets the impression of a bright young student who, although completely aware of the consequences of his actions, seems strangely indifferent to them. For some reason it reminded me of the kid from Chronicle. It's startling how someone can realise that his work will be putting dangerous guns on the hands of twelve years old kids, and say it with a smile like it is something extremely interesting.

One has to wonder whether this has to do with the way killing is getting easier and easier. I'd say most people, even when angered beyond reason, wouldn't be able to stab another to death. But pulling a trigger? Or pressing a button on a computer screen? Hardly as challenging. Not to mention the loads of movies, books, series and computer games where the lead character is in happy trigger mode 24/7.

Whether it happens in 5, 10 or 50 years time it is clear there will come a time where guns will be accessible to anyone. And at this point Cody is definitely right: society does need to accept that and come up with solutions for it. It will be hard to walk the streets carelessly when you're aware anyone can draw a gun and shoot you dead in a second. Even worse, I'd worry about young children shooting their friends for stealing a chocolate bar, or loosing a footbal match. This is not Cody Wilson's fault; if not him, others would surely carry out the same work. But the question remain: how can a 24 years old american man be so insensible to such a future?


Filipe Baptista de Morais

domingo, 9 de junho de 2013

Interactable

O Interactable está desde 30 de Abril de 2013 à disposição dos visitantes da Ciência Viva integrado na exposição "T-Rex quando as galinhas têm dentes" a qual estão desde já convidados a visitar até ao final de Agosto. Para os mais a leste que (ainda) não sabem o que é o Interactable é favor consultar o site. Estendo a recomendação a todos aqueles que quiserem saber mais sobre o projecto, já que lá é possível encontrar uma descrição (algo sucinta) do conceito e possíveis aplicações do projecto, assim como um breve relato dos primeiros acontecimentos no período de vida do projecto.

É provável que esta seja a última aparição do Interactable em locais públicos, já que a equipa dispersou rumo a outras experiências profissionais. No início deste percurso avisaram-nos que provavelmente não seríamos mais do que um fogacho rápido. Após uma parceria com o Hospital de Santa Maria para explorar a aplicação do projecto no contexto da intervenção em crianças com problemas em desenvolvimento, duas participações em conferências/seminários ( Tecnologias e Perturbações do Espectro do Autismo, em Guimarães, e Yes Meeting 2012 no Porto ) e um módulo em exposição na Ciência Viva (Pavilhão do Conhecimento, Lisboa) penso que toda a equipa está orgulhosa do seu fogacho. É claro que as expectativas e avaliações são sempre subjectivas, e percebo que para alguns este trajecto tenha parecido curto e sem saída. Mas a juventude é feita de experimentação e esta foi sem dúvida uma experiência rica e interessante para todos nós. Uma pequena incursão no mundo real, em que interessam mais os resultados do que os procedimentos, onde ninguém quer saber como é que as coisas funcionam mas sim aquilo que são capazes de fazer. Foi também extremamente interessante afastarmo-nos um pouco do nosso cantinho de engenharia e tentar ver o projecto por outra perspectiva, como seja a um de médico. A oportunidade/desafio de apresentarmos o projecto em meios tão diferentes daqueles que nos são familiares foi também importante para a nossa formação pessoal.

Nem tudo foram rosas neste caminho, pelo qual ficaram muitas noites mal dormidas, muita frustração quando as coisas não funcionavam, recriminação pelos nossos erros e irritação pelos de outrém e muitos (mas muitos mesmos) fins-de-semana e feríados que passaram despercebidos. Mas a satisfação de concretizar as nossas ideias e ver o interesse do "mundo" no nosso projecto é mais do que suficiente para nos fazer ultrapassar tudo isto.

Sendo um projecto dinâmico, não é de espantar que o local de trabalho tenha variado constantemente, passando por: espaço 24h do IST (Instituto Superior Técnico), laboratório do 8º andar do ISR, Ameixoeira, Cascais, Sintra, Telheiras, um gabinete no Hospital Santa Maria, Matosinhos, Universidade do Minho, Universidade de Medicina do Porto, Alvalade, Pavilhão do Conhecimento e, provavelmente, alguns outros. Todos estes locais viram e contribuiram de alguma forma para a evolução do projecto, e geraram recordações memoráveis.

Os problemas foram muitos, desde tecnicidades a que vos vou poupar, dúvidas existenciais parvas (será que esta linha é mesmo recta? isto são mesmo 12cm?), falta de material (como raio vamos pendurar a câmara por cima da mesa? como testar alguma coisa sem suporte para a câmara? e sem mesa? e sem cubos? ), falta de pessoal (quando cada um de nós apenas podia trabalhar 2 dias por semana, que obviamente não coincidiam), pessoal a mais (por exemplo um gato em cima da mesa), sono, fome e sede, birras da câmara (a ver coisas a menos e/ou a mais: ver a foto abaixo para um exemplo) entre outros que possam (ou não) imaginar. Mas ultrapassámo-los a todos (ou varremos para debaixo do tapete, you decide) e como é bem sabido aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes.

Nada disto seria possível sem uma equipa unida. Traz-me um sorriso aos lábios recordar que a maior parte das decisões importantes foram tomadas durante almoçaradas no Rialva, ou entre copos no arco do cego. Mas a união e a amizade não chega, também são essenciais a competência e a dedicação. Aqui posso de facto considerar-me afortunado com ter amigos cujo trabalho respeito e admiro, levando-me a elevar também o meu. André Gonçalves, José (aka Zé) Leitão e Rui Coelho foi um prazer trabalhar convosco ao longo deste ano e picos. Obrigado por me ouvirem quando tenho razão, por me mandarem calar quando digo disparates e por tantas vezes terem razão vocês próprios. Quem sabe um dia voltaremos a trabalhar juntos. As almoçaradas sei que se manterão.

Há ainda muitas outras pessoas que merecem o meu agradecimento. Do ISR (Instituto de Sistemas e Robótica), há que agradecer ao Professor João Paulo Costeira por nos ter incentivado a fazer algo com o nosso projecto, ao Hélder Miranda por nos ter calibrado a câmara numa fase inicial do projecto e ao José Jerónimo por nos deixar usar o seu algoritmo (ANSIG). Do Hospital de Santa Maria, à doutora Cláudia Lima por acreditar no potencial do nosso projecto e à terapeuta musical Catarina da Isabel por toda a abertura, disponibilidade e até pelo jeito que teve em incorporar o Interactable nas suas sessões.
Mais a nível pessoal, temos de agradecer também ao Sérgio Paiágua, por nos ajudar no desenvolvimento do site e de vários mockups que usámos para explicar as potencialidades do projecto (assim como pelas suas ideias neste campo), à Katherine Both por ser a nossa fabricante de cubos oficial durante largos meses, à Marina Marques por tomar a seu cargos as mesmas funções nos últimos meses, à Joana Marinhas por ceder a sua simpática e amigável voz a uma das nossas aplicações didáticas. Agradecemos novamente ao Sérgio por ter incorporado a equipa na excursão ao Porto no âmbito ao Yes Meeting, assim como ao Benedict Both pela mesma razão relativamente ao 1º Seminário Tecnologia e Perturbações do Espectro do Autismo, em Guimarães. Obrigado ainda à Katherine, à Joana e ainda à Tatiana Padinha por ajudarem a tornar o nosso poster o melhor frequentado em ambos os seminários/conferências.
Finalmente, obrigado à família do Zé e do Rui por nos receberem e alimentarem repetidamente nas suas casas.




Se chegaste até aqui agradeço-te também a ti, devoto leitor.

Filipe Baptista de Morais, membro fundador (e finalista) do projecto Interactable

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Equally Sad

This morning I was reading this news about an unusually high number of people being killed by lightning in India in the last twenty-four hours and was puzzled by the way they emphasised some of them were women. I understand the death of children may seem particularly tragic, by why would women dying be any more disturbing than men is something I really don't get.

I suppose if we were talking about civilian casualties in a war scenario it could make sense, even though a male civilian is every bit as defenseless as a female one when facing armed and trained soldiers. In a natural disaster context however, the distinction seems accidental and meaningless.