domingo, 28 de novembro de 2010

Respect

Há poucas horas atrás esta eu a ver a final do Masters Finals (ARROTA NADAL!) quando reparei (como já havia feito várias vezes noutras ocasiões, inclusivamente em assistir em partidas ao vivo) na pacífica convivência dos adeptos. Vi inclusivamente, num daqueles instantes em que filmam as pessoas nas bancadas e transmitem pos escrãs gigantes, uma linha de adeptos com a bandeira da Espanha logo ao lado doutros com cartazes a apoiar o Federer, todos eles apenas preocupados em serem vistos e apoiarem, e não com os seus "opositores".

Porque será que não se consegue ter o mesmo pacifismo no futebol? A O2 Arena, onde teve lugar o torneio que referi acima, tem capacidade para quase vinte mil pessoas, e esteve cheia durante toda a semana. No entanto não ouvimos falar de pessoas a atirar pedras, golas de golf ou maçãs. Será pela falta de competitividade? Certamente que não, dado tratar-se dum torneio onde apenas entram os 8 melhores tenistas da actualidade, ambiente mais competitivo seria impossível. Rivalidades? O "duelo" Nadal-Federer já se arrasta há anos, sendo a rivalidade mais famosa do tenis e porventura uma das mais marcantes de sempre de qualquer desporto. A diferença está apenas na forma como as pessoas encaram estas rivalidades, que no ténis tem tendência (felizmente) a ser bem mais pacífica que no futebol. A razão de ser disto escapa-se-me. Talvez se deva ao facto de o ténis ser ainda hoje considerado um desporto um pouco elitista. Creio que a maior parte das pessoas imaginaos jogadores de ténis a sairem do court, tomarem o seu baninho, vestirem o fato e gravata e irem para o escritório: o típico executivo. Ainda que tal fosse verdade para os praticantes, continuava a nada dizer sobre os seus adeptos.

O fanatismo (neste caso refiro-me ao desportista mas podia sem perda de generalidade falar do religioso, ou de qualquer outro tipo de facto) nunca traz nada de bom, e o respeito é essencial. Neste caso, o respeito pelo adversário. Dirigentes futebolistas passam a vida a apelar para o mesmo, poderiam talvez aprender algo com o exemplo do ténis. Ver o que se passa nesse desporto (embora só passe na SportTv500 porque em as outras estão a passar 3ª divisao chinesa de futebol), perceber onde reside a diferença, e explorá-la.

sábado, 20 de novembro de 2010

Nada.Tudo.

Há uns tempos vi um filme fabuloso que não poderia deixar de recomendar aqui. Chama-se "Watchmen" e é baseado numa banda desenhada com o mesmo nome e que recomendo com ainda maior veemência.
Sendo um filme de super-heróis mascarados baseado numa BD, tudo nos levaria a pensar tratar-se de um filme para crianças. Essa impressão começa a desintegrar-se à medida que nos vemos envolvidos num enredo extremamente profundo e intrigante, a acrescentar a cenas de violência que não poderiam ter representação num filme para os mais novos.
Não querendo estragar a experiência àqueles que se interessam e irão ver o filme limito-me a referir que é passado num tempo alternativo, durante a guerra fria, em que se forma nos EUA um grupo de corajosos (e mascarados) cidadãos para levar a justiça às ruas. O aparecimento posterior de um verdaderio superherói (no sentido em que tem de facto super poderes) traz toda uma nova dimensão à história. Através da representação de diferentes perspectivas, "Watchmen" faz-nos repensar os conceitos de bem e mal, justiça e o direito de a empregar, e até que ponto os fins justificam os meios. No final, heróico e monstruoso confundem-se de tal maneira que se torna difícil perceber que realmente define um e outro. Absolutamente fabuloso.

A um dado ponto no filme, a (ex-)namorada do quase omnipotente super-herói (agora desinteressado de tudo) tenta convencê-lo a impedir uma guerra nuclear, argumentando que toda a vida na Terra poderia ser extinta. A sua resposta dá muito que pensar "Sim. E o Universo nem daria conta". O facto de algo tão castastrófico como a destruição do nosso planeta ser visto como desprezável pode deixar-nos atónitos, mas só até pensarmos nas dimensões do Universo e nos inserirmos nele. Os nossos problemas, por muito importantes que nos pareçam, reduzem-se à medida que afastamos a perspectiva, e nem precisamos de sair da nossa cidade para que ninguém (ou nada) queria saber deles. É curioso reparar como o mundo pode agoniar quando resplandescemos de energia, ou alegrar-se em festa quando tudo parece desmoronar-se à nossa volta.
A vida é importante, temos um propósito? A vida é importante e para si mesma, não para o contexto em que vive. Quanto ao nosso propósito, acreditando ou não nele, apenas nos diz respeito a nós, sendo indiferente a tudo o resto. Em "Reino dos Céus" o significado da religião é bem espelhado pelas palavras de Saladino, ao ser inquirido sobre qual o valor de Jerusalém: Nada.Tudo.

Filipe Baptista de Morais

sábado, 6 de novembro de 2010

Tru(e) Blood

Está aí a nova série do momento, True Blood (maravilhosamente traduzida para "Sangue Fresco"). Na verdade já saíu há algum tempo e vai para a 4ª temporada, mas assim a apresentação tem mais impacto.
É uma série que tem tudo aquilo que se pretende hoje em dia: gente jovem, violência, sexo e vampirinhas (e sexo com vampirinhas já agora). Aborda em sub-plano muitos temas interessantes, nomeadamente a solidão da diferença, o racismo, o medo do desconhecido, envelhecimento, drogas e religião. Envolvendo toda esta panóplia filosófica sob um frenético véu de acção, violência e sensualidade True Blood consegue assim manter-nos pregados ao ecrã para uns fáceis e descontraídos momentos de diversão, permitindo-nos ainda debruçarmos a mente sobre o seu intrincado conteúdo se estivermos para isso. Para mim, 5 estrelas.

Faria aqui uma breve exposição sobre o enredo da série, mas não quero que me acusem de spoiler. Vejam.

Filipe Baptista de Morais