domingo, 26 de setembro de 2010

Meia Maratona de Portugal

Nome da Prova: Meia Maratona de Portugal aka Meia Maratona da Ponte Vasco da Gama
Comprimentos: Meia Maratona (21km)
Data: 26 de Setembro de 2010
Objectivos Mínimos: - 1h 45m
Desafio Pessoal: - 1h 35m
Melhor Tempo em Provas do Mesmo Comprimento: 1h 35min 14s

Finalmente a tão aguarda Meia Maratona da Ponte Vasco da Gama (embora este ano menos de 10% do percurso fosse de facto na ponte). Embora aguardasse esta prova com alguma ansiedade e esperanças de bater o meu record pessoal, as perspectivas de tal se realizar foram-se tornando cada vez mais inverosímeis à medida que a prova se aproximava, e confesso que quando chegou a hora estava um pouco apreensivo. Por um lado a "pré-época" não correu de todo como eu gostaria, primeiro por lesão (a jogar futebol como sempre) e posteriormente por razões pessoais. Por outro lado não me estava a sentir perfeitamente bem no dia da prova, uma ligeira indisposição que se prolongou da véspera.

Dada a partida comecei com um ritmo francamente mau, mas por culpa em grande parte do excessivo número de pessoas na zona de partida que obriga a fazer uma corrida em zigue-zague a um ritmo francamente irregular. Um erro da organização provocou a saída dos atletas da mini-maratona (partem atrás de nós) alguns momentos antes da nossa, o que contribuiu muito para o caos. Para ajudar ao meu desespero o meu Ipod decidiu que não lhe apetecia tocar (por razões que escapam à engenharia comum), limitando-se às suas funções de cronómetro, pedómetro e velocímetro (graças ao sistema Nike + Ipod).

Apesar da partida acidentada, a partir do terceiro quilómetro consegui encontrar o meu ritmo, mantendo-me a partir daí confortavelmente estável a rondar os 4m30s/Km. Por volta dos 8Km tive uma estranha sensação de tensão na perna direita, que me pôs imediatamente nas inúmeras coisas que me poderiam acontecer por me armar em atleta após mal me mexer nas férias: cãimbras, rotura de ligamentos etc... Isto manteve-me a menta ocupada durante algum tempo, por muito que me esforçasse por pensar em coisas mais alegres ou produtivas. No entanto mantive a vontade de correr e as pernas, como boas trabalhadoras que são, obedeceram alegremente, tendo o dito desconforto desaparecido poucos minutos depois. "The mind commands the body and it obeys. The mind orders itself and meets resistance". Nota positiva para os numerosos apoios da organização, praticamente a cada 2 ou 3 Km, sendo tantos que só parei para tirar bebidas (água e powerade) de 2 em 2.

Entre o 15º e o 16º quilómetro tive mais um percalço: perdi o chip que estabelece a comunicação entre o ténis e o Ipod, tendo com ele perdido as funcionalidades de cronómetro, pedómetro e velocímetro. Perdi assim um pouco a noção da velocidade a que ia mas, mais importante, do tempo que estava a fazer. Corri assim despreocupadamente às cegas até à meta, cruzando com o tempo 1h 38min 59s, ainda a uns bons 4mins do desafio em vista, mas a uns ainda maiores 6mins do objectivo mínimo.

Tudo junto não foi mau para a 1ª meia da época, sendo que tenho já possibilidades de melhorar para a semana (Meia Maratona Sportzone Porto-Gaia).

Filipe Baptista de Morais

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Igualmente Únicos

Por toda a parte e a toda altura (mais dia menos dia) parece que há alguém a completar vinte anos. Alguns meus amigos, outros conhecidos e ainda outros de quem nunca ouvi falar. Eu próprio completei a 2ª dezena há pouco tempo e tive ocasião de ouvir (como todos os outros presumo) o já sabido conselho "aproveita que 20 anos só se fazem uma vez!". Verdade. Mas também só me lembro de fazer 10 uma vez, e tenho a certeza que nessa altura não bebia que chegue para esquecer uma festa.
Não quero com isto, claro, denegrir a experiência dos 20, até porque tal seria injusto para os que ainda não os completaram. Simplesmente acho que podíamos tomar maior consciência da unicidade de cada momento, mesmo que seja igual a tantos outros.
Um brinde a nós (...) !

Filipe Baptista de Morais

Curiosidade: A ideia inicial para este texto já se encontra presente na minha cabeça há muito tempo, sendo que pretendia apresentá-lo no post nº 100, aproveitando esse também carismático número para lançar a ideia geral. No entanto a história dos 20 anos pareceu-me mais pertinente e adequada, pelo que antecipei o texto deste modo. Para além de que estava farto de esperar para chegar ao texto número 100.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Corrida da Linha

Nome da Prova: Corrida da Linha '10 (Destak)
Comprimentos: 10Km
Data: 19 de Setembro de 2010
Objectivos Mínimos: -50mins
Desafio Pessoal: -
Melhor Tempo em Provas do Mesmo Comprimento: 42m 34s

Ora bem, venho aqui reportar então a minha última experiência atlética. Como já devem ter reparado optei por fazer um cabeçalho todo bonitinho, que vou usar de agora em diante quando fizer os relatos das provas. Espero assim adicionar um pouco de profissionalismo e seriedade a este registo tão informal.

Sendo a primeira prova do ano e estando a apenas uma semana de uma prova (para mim) mais importante, decidi preemptivamente (o corrector ortográfico tá a dar erro mas whatever) não me esforçar demasiado, daí que o campo do desafio pessoal esteja em branco. No entanto para também não haver demasiado slacking decidi estabelecer um objectivo mínimo, bastante fácil de atingir por sinal. Queria assim que a esta prova servisse como uma espécie de aquecimento para a semana seguinte, para além de contribuir para a minha colecção de T-shirts e medalhas.

Dado não estar muito preocupado com o tempo, fiz a prova toda acompanhado por um amigo, olhando para o cronómetro apenas para verificar que não excedíamos os 5mins/Km (de modo o cumprir o objectivo mínimo). Tal revelou-se, como esperado, extremamente acessível, tendo terminado a prova em 46min 12s; o que me colocou em 546º da classificação geral e 232º de escalão (séniores masculinos). No final aproveitei para recuperar energias na famosa (e saborosa) geladaria santini, que a propósito vende gelados a metade do preço da Haggen Dazz.

Em relação à organização, nota positiva para os apoios (havia 2 colocados no 3º e no 6º Km, quando apenas estava à espera de um a meio da prova) e para a T-shirt (de qualidade técnica, ao contrário do ano passado). Talvez por terem gasto todo o orçamento nestes dois pontos não houve qualquer espécie de brinde no final, tirando a medalha, mais uma garrafa de água e uma gelatina que ainda não tive a coragem de ingerir. E viajar de comboio à pala também sabe sempre bem. Fica assim para atrás mais uma corrida agradável e sem lesões, que (com sorte) me deixou melhor preparado para o próximo domingo.


Filipe Baptista de Morais
PS: A demora no post deveu-se ao facto de estar à espera que publicassem as fotografias da prova na internet. Mas cheguei à conclusão que este ano também não houve orçamento para o fotógrafo. É a crise...

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Eyes Wide Shut

Todos os dias fugimos a questões, lutas e responsabilidades simplesmente porque é mais fácil ignorá-las. Para o justificar apresentamos a nós próprios inúmeras desculpas: as lutas não são nossas, são causas perdidas, ninguém faz isso, toda a gente age como nós. E assim levamos o carro para ir ao café a 500m de distância. Sacamos da net aquela música que tanto gostamos de ouvir. Mudamos de canal quando passam reportagens sobre os refugiados em Israel. Apagamos o email da mãe desesperada que tenta encontrar um dador para o transplante que o filho precisa. Abanamos a cabeça negativamente e desviamos o olhar da pessoa que nos pede dinheiro, para não recordarmos o rosto daquele a quem negámos ajuda.
Há poucos meses houve uma colheita de sangue na minha faculdade. Fui lá com intenções de colaborar, mas disseram que não me podiam tirar sangue porque tinha estado a fazer desporto nesse dia. Ora nessa altura fazia desporto todos os dias, e portanto não voltei lá. Mas podia perfeitamente ter faltado a um treino de ténis, cancelado um jogo de futebol, ou simplesmente dispensado uma ida ao ginásio. A verdade é que apesar da vontade de ajudar que (acredito) todos temos também não estamos para nos chatear muito.
Tenho uma amiga que não come carne de animais que não tenham tido boas condições de vida. É fácil perceber a sua indignação: basta ver as galinhas que nunca saem de gaiolas onde mal se podem mexer ou as vacas que só saem do estábulo para serem pendurados no mecanismo rolante que as encaminha para uma serra eléctrica. Certo que se trata de um fraco e inútil protesto, não é menos um consumidor que vai afectar a grande indústria das carnes. Mas é um pouco como o plebeu que se revolta contra a sua classe dominante: tolo patético apenas pela cobardia dos seus iguais, poderia ser igualmente ser líder e herói se muitos tivessem a coragem de o seguir.
Uma das minhas bandas preferidas do momento, os Rise Against (que a propósito vieram a Lisboa tocar em Julho) apelam constantemente à reflexão e à acção nas suas músicas. Vou assim finalizar debruçando-me sobre algumas das suas letras (é possível que já tenha referido aqui algumas):
1. “Neutrality means that you don’t really care, cause the struggle goes on even when you’re not there”, Collapse (Post-America). Há coisas face às quais não podemos ficar indiferentes e temos de tomar uma posição, a menos que alguém a tome por nós. É o caso dos suíços na 2ª Guerra Mundial, podem apelidar-se de pacifistas mas no fundo foram uns sacanas que se lixaram para os oprimidos e deixaram outros lutar (e morrer) por eles.
2. “Why loose sleep? Why complain? There’s always channels to change”, Elective Amnesia. Aqui é uma referência clara àquilo que tenho falado: a facilidade de ignorarmos os problemas “dos outros” como se não nos dissessem respeito.
3. “We don’t disappear just because your eyes are shut”, From Heads Unworthy. No seguimento do ponto número dois, ignorar os problemas que não nos dizem respeito directamente não os faz desaparecer, apenas os retira da nossa vida dando-nos o descanso dos danados. Quando nos afectam directamente é ainda pior: ignorá-los só nos poupa chatices que na maior parte das vezes voltam reforçadas mais tarde.
4. “We are what we are ‘till the day we die, or ‘till we don’t have the strength to go on”, The Strength To Go On. Esta frase leva-me à minha ideia final: creio que até determinada altura todos nos importámos, todos nos revoltámos, todos estávamos dispostos a lutar por estas causas. Simplesmente fomos perdendo as forças para continuar…

Filipe Baptista de Morais
10 de Agosto de 2010

180º

Hoje decidi começar por contar uma história:
Era uma vez cão um, um cocker preto adorado por toda a gente, que o considerava um “animal fofo e simpático”. Até que um dia (ou melhor dizendo uma noite), no bar da zona, o dito cocker com o gato do estabelecimento, uma cria felina ainda mais adorada por todos os que lá passavam. Ora do encontro entre duas criaturas tão adoráveis seria de esperar muita fofura e lamechice, mas o resultado foi antes um ventre estripado que levou à morte. Do dito gato claro. E desde então aos olhos da população o cão passou a ser uma besta, uma fera assassina sedenta de sangue que todos repugnavam. Ora se eu fosse esse cachorro decerto estaria confuso e triste com a atitude das pessoas, que num momento o adoram e no seguinte o odeiam, sem ele ter feito nada a não ser aquilo que lhe é natural.
Mas porque acontece isto? Apenas porque não gostamos da entidade em si, mas apenas de algumas das suas características ou actividades. Daí que, sem que elas tenham sofrido qualquer alteração, alteramos radicalmente a nossa opinião. E isso é cruel.

Filipe Baptista de Morais
7 de Agosto de 2010

Quantas estrelas tem o céu?

Quantas estrelas tem o céu de Lisboa? “Nunca reparei” dirão muitos de nós alfacinhas, enquanto que os mais atentos se ficam por um singelo “poucas”. Poucas porque elas fogem: fogem das luzes das nossas ruas, dos nossos carros, dos nossos prédios, como se os céus se apagassem para compensar termos iluminado a terra.
Mas para que nos servem essas luzes lá no alto? O facto é que mal damos pela sua falta, até abandonarmos a cidade e contemplarmos as alturas em todo o seu esplendor. Então sorrimos e achamo-las bonitas, até o regresso à rotina as atirar novamente para o inútil baú do esquecimento.
Quantas estrelas tem o céu? Não sei, mas um dia vou contá-las.

Filipe Baptista de Morais
1 de Agosto de 2010