segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Trabalho em Equipa


O trabalho em equipa é uma ferramenta importante (e recorrente) ao longo da nossa vida, especialmente a nível profissional. Juntando diferentes competências e ideias ou simplesmente adicionando horas de trabalho conseguimos realizar projectos mais complexos que individualmente estariam fora do nosso alcance. No entanto há alguns problemas bastante comuns a que devemos ter atenção:

-Distracção. Creio que já todos tivemos daquelas reuniões para (supostamente) trabalhar em equipa e que acabam (e começam também) em animada conversa. Não quer isto dizer que não devemos trabalhar com amigos; antes pelo contrário: um bom ambiente de trabalho é meio caminho andado para que as coisas corram bem. Mas é preciso saber dividir o tempo entre diversão e trabalho.

-Abertura. Não nos podemos integrar numa equipa se não conseguirmos aceitar opiniões ou métodos diferentes dos nossos. Embora tal possa ser difícil, particularmente quando não nos conseguem convencer de que estamos errados, temos que ter consciência que por vezes é necessário largar o boneco. Para resolver conflitos, nada como obter uma maioria; quando tal não é possível pode ser extremamente importante uma figura líder para o desempate. Claro que o líder se pode enganar tanto como os outros, mas a sua decisão deve ainda assim ser acatada de modo a prevenir a anarquia. Daí a sua grande responsabilidade: não pode usar os seus privilégios para fazer valer o seu ponto de vista sistematicamente, ou para proveito próprio.

-Comunicação. É de extrema importância que cada membro saiba o que os outros andam a fazer, tanto para não realizar trabalho redundante como para ter noção do andamento do projecto no seu geral.

-Confiança. Não me refiro aqui à confiança que temos em nós próprios (embora isso também seja sem dúvida um aspecto importante) mas à confiança que depositamos nos outros membros da equipa. Este aspecto, a meu ver fundamental, é o que tantas vezes falha. Falta de confiança gera preocupações, stress, limitações à liberdade de trabalho individual e consequentemente falta de "magia" no projecto e, porventura, hostilidade no grupo de trabalho; tudo coisas a evitar. E como garantir esta confiança? Bom, creio que aqui o melhor conselho possível seria o de escolher os colegas com cuidado. Afinal, é mais fácil confiarmos em pessoas que sejam, de facto, confiáveis.



Filipe Baptista de Morais

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Negro Mundo Cor-de-Rosa

Esta semana passou na SIC uma reportagem muito interessante sobre o estado do país no diz respeito à empregabilidade dos jovens, que quem não viu pode certamente encontrar no site da estação.
Um dos aspectos mais marcantes, senão o central, desta reportagem é o contraste entre os testemunhos capturados pelos jornalistas com o discurso (em directo) feito pelo presidente do IST. Enquanto que os testemunhos e os comentários jornalísticos pintavam um negro quadro apocalíptico, o nosso caro presidente parecia ter dificuldades em distinguir Portugal do País das Maravilhas da Alice. Ora isto pode não parecer novidade nenhuma, as pessoas sempre gostaram de se queixar e pedinchar (especialmente na televisão), as estações sempre gostaram de transmitir desgraças (palmas para os pioneiros na TVI)e os presidentes sempre adoraram polir o lustro à suas organizações. O que me deixa intrigado é porque raio é que foram introduzir um discurso tão optimista numa reportagem com o intuito aparente de causar o desespero. Ou vice-versa. Em primeira análise poderia dizer tratar-se de uma enorme gafe jornalística, ao falhar totalmente na criação de uma estrutura de base na qual assentar a reportagem, criando ao invés disso uma estranha amálgama incoerente. Mas não, muito pouca coisa se faz por acaso hoje em dia, menos ainda em televisão. Há-de haver alguma razão para tal, ainda que me escape.

Acontecimentos deste género fazem-nos reflectir em como, sem mentir (espero), se pode fazer pender a balança para o lado que nos convir. Essa linha de pensamento pode levar-nos a compreender o verdadeiro alcance e poder dos media. Assustador.

Já agora aproveito para dizer que não gostei de todo, das declarações do presidente António Serra ao incentivar o estudo da Física e Matemática dizendo que "vale a pensar sofrer e estudar Matemática e Física". Isto parece indicar que enveredar por estas áreas é um sacrifício com vista em proveitos futuros, em vez de um interesse ou vocação, uma perspectiva assaz desagradável. Mais, parece dar a entender uma certa superioridade dos estudiosos destas áreas, como se os restantes não as seguissem por falta de capacidades. Isto é obviamente um absurdo, cada pessoa tem os seus gostos e talentos, e não podemos julgar ou tentar adaptar os outros aos nossos moldes.

Filipe Baptista de Morais

PS: Para os que se interrogam se todos aqueles estudantes lá atrás se encontravam no técnico apenas para aparecer na televisão posso também eu responder a essa questão como me aprouver (sem mentir obviamente). É que é verdade que todos recebemos um e-mail a apelar à nossa presença no pavilhão de civil nessa noite, de modo a "mostrar um Técnico fervilhante de actividade mesmo às 20 horas da noite!". Mas também é um facto que se desenrolava nessa altura um projecto de arquitectura, designado Semana Relâmpago Arquitectura, que precisamente por ser um projecto curto de conclusão rápida implicava algum trabalho fora de horas. Pois é, parece que mais uma vez a verdade dá para os dois lados. Como sou um bocado indeciso, acabei por indicar os dois, agora escolhe o que te apetecer.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Despertar dos Mágicos

Durante o Verão e por entre os (muito) atarefados dias de férias arranjei tempo para ler O Despertar dos Mágicos, por Louis Pauwels e Jacques Bergier.

Misturando a Ciência e o Fantástico, os autores conseguem de uma forma absolutamente estrondosa lembrar-nos que não sabemos tudo, e chegando mesmo a fazer-nos rever a nossa posição quanto a temas aparentemente tão irracionais como a alquimia e a parapsicologia. Através de uma análise cientificamente aceite, o livro não toma conjecturas por factos mas essencialmente alerta-nos para o oposto: rejeitar ou negligenciar evidências ou hipóteses apenas por parecerem inverosímeis. Afinal, mesmo o nosso presente seria considerado em tempos como um sonho louco, e aquilo que para nós hoje é estúpido ou impossível poderá um dia ser quotidiano. São referidas algumas experiências muito interessantes no ramo da parapsicologia que, embora nada provando, sem dúvida nos dão que pensar.

Um dos temas que achei mais interessantes e bem desenvolvidos é do Nazismo. Todos sabemos as monstruosidades que os Nazis fizeram, mas poucos sabem porquê. É que eles eram pessoas como nós, e não é de todo perceptível (pelos livros de História que nos facultam nas escolas) de onde advêm as suas acções. Ninguém pratica o mal só porque sim. Um outro tarado pode tirar prazer no sofrimento dos outros, mas isso não justifica o comportamento de uma Nação inteira. E justificar o Nazismo pelo seu ódio aos judeus e desejo de dominar o mundo é, convenhamos, infantil, digno de uma BD do Tintin ou Black e Mortimer. Não, um fenómeno desta escala apenas se pode explicar por uma completa ruptura cultural com o resto do mundo, aliada (infelizmente mais uma vez) a um fervoroso fanatismo religioso. Nas páginas deste livro é relatado o percurso de uma Nação que se afasta cada vez mais das suas vizinhas, mergulhando numa estranha Ciência, que a nós hoje parecem absurdas mas que talvez na altura fossem tão teorias tão plausíveis como as que hoje aceitamos, após anos de corroboração. Sozinha, a Ciência é poderosa. Aliada à Religião torna-se cega, arrogante e perigosa, daí advindo os eventos que todos conhecemos.

Para quem gosta de ler muitas páginas (e já acabou de ler todos os textos deste blog), é sem dúvida uma obra marcante a não perder.

Filipe Baptista de Morais

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Estranhos Tempos

Estranhos tempos estes
em que todos olham
mas ninguém vê
todos escrevem
mas ninguém lê
todos gritam
mas ninguém ouve
todos falam
e ninguém sabe o que diz

Estranhos tempos estes
em que todos mandam
mas ninguém obedece
todos pedem
mas ninguém lhes acude

Estranhos tempos estes
em que todos reclamam
mas ninguém faz melhor
todos lutam
mas poucos sabem porquê

Estranhos tempos
piores que o antes
que ninguém já recorda
nem sabe indicar o seu fim
nobre passado que nos convida

Estranhos tempos
melhores que o depois
que ninguém já imagina
mas pior ainda assim
disso ninguém duvida

Estranhos tempos estes
em que choramos por sermos quem somos
e por outros não serem melhores
Estranhos tempos estes
que a nós mesmo impomos
e em que todos somos os piores

E estranhos tempos estes
em que todos juram
mas ninguém convence
e todos perdem
mas ninguém vence

Filipe Baptista de Morais

(Estranhamente impulsionado por Deolinda - Parva Que Sou)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quebra de Tensão

Vindo das férias direitinho para o início de um novo semestre, não pude deixar de estranhar tão abrupta alteração.

Não foi pelo levantar cedo: levantei-me todos os dias às 7.30 nas férias. Mas sempre que o despertador tocava, lembrava-me que era por uma boa razão. E sempre que me sentia sonolento, sabia que era por ter aproveitado bem o dia anterior.
Não foi pelo exercício: esquiámos 8 horas/dia já para não falar em subir/descer do 7º andar a pé várias vezes ao dia. Mas quem corre por gosto não cansa, e quando cansa gosta ainda mais.
Não foi pela comida: passar de sandes de pão duro para a cantina do técnico mal se nota.
Não foi pelas pessoas: as mesmas pessoas que via nas pistas durante o dia ou à noite de garrafa na mão vejo-as agora pelos corredores da faculdade.

Talvez seja pelas roupas, talvez a passagem dos pesados fatos de neve para as enfadonhas roupas quotidianas se faça sentir. Talvez seja do tempo, já que Lisboa, moça ciumenta e vingativa, decidiu continuar a brindar-nos com as suas chuvas desmoralizadoras. Ou talvez seja, muito simplesmente, porque férias passou a ser mais uma vez uma recordação, e um desejo futuro. Talvez porque agora tenho quadradinhos num horário, e as horas não mais me pertençam. Talvez porque às 4 da manhã estou a dormir, e não a desejar que o dia tivesse mais horas. Talvez porque sei onde vou estar amanhã ao meio dia, e o que irei fazer durante a tarde. Talvez porque agora estou a ver as fotos, e não a sorrir para a câmara. A rir-me dos vídeos, mas sem viver os momentos. Talvez porque integrar já não é conhecer pessoas novas, voltando a ser estranhos símbolos numa folha de papel.

Seja porque razão for, o final das férias fez-se sentir como uma súbita quebra de tensão. Dava jeito outras para recuperar. Porque férias é levantar às 7, ou dormir o dia todo. Não se fazer nada, ou correr até não poder mais. Dizer olá ou adeus, ontem ou amanhã, quero e não quero, gosto e não gosto. Porque férias é o que nos apetecer.

Filipe Baptista de Morais