sábado, 22 de janeiro de 2011

Tanto Por Dizer

Muitas vezes ocorre-me que deixamos muita coisa por dizer. Não dizemos coisas porque achamos que são óbvias, mas o óbvio pode não obstante ser importante. Nas as dizemos porque já alguém as disse, mas talvez alguém as queira ouvir vindas de nós, ou por vezes temos o dever de o fazer. Não as dizemos porque achamos que podem não interessar ao interlocutor, mas não nos cabe a nós decidir os interesses dos outros e no dia em que alguém perder a capacidade de nos surpreender então também já não grande razão para dizer seja o que for. Não as dizemos porque são difíceis de dizer, mas temos que pensar que o nosso silêncio pode ser ainda mais difícil de ouvir.

Há excepções, claro. De facto, vêm-me imediatamente à cabeça três situações em que geralmente não nos faltam palavras, antes pelo contrário, estas parecem jorrar incontrolavelmente:
- durante um jogo de futebol
- quando estamos a tentar engatar uma rapariga/rapaz
- quando somos donos de um pequeno café

Nestes três casos parecemos ser acometidos de uma verdadeira verborreia, deitando fora tudo o que fomos guardando de forma algo desconexa e, até, estúpida. Talvez se disséssemos menos disparates na altura errada e mais coisas importantes na altura certa a vida fosse mais simples. E não há alturas erradas para as palavras que devem ser ditas.

Filipe Baptista de Morais

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