sexta-feira, 6 de maio de 2011

Deixem-nos Falar

Ainda há pouco estava a ver o frente a frente que opunha Paulo Portas a Jerónimo de Sousa. Digo opunha visto defenderem ideologias tão diferentes, ainda que no fundo tenham os mesmos objectivos. No entanto o que me chamou mais atenção (pela negativa devo dizer) não foram as teses ou argumentos que cada um apresentou, ou talvez devesse dizer tentou apresentar. É ridículo o ritmo a que têm de falar para expressar as suas ideias e responder a perguntas, sempre sob a constante pressão do apresentador. Se perguntassem a Deus como salvar o mundo, duvido que a resposta se pudesse resumir em 30 segundos. Mas é isso que é constantemente pedido aos nossos políticos hoje em dia.

Bem sei que hoje em dia a vida tem outro ritmo, o frenesim da cidade etc,etc... E creio que todos sentimos um pouco falta de tempo para tudo, nomedamente para nos mantermos informados. É portanto cada vez mais difícil estarmos a par do que se passa no país e no mundo, nomedamente na política. Mas isso é ainda mais agravados quando, felizes por termos arranjado um tempinho para ver um debate político, parece que são eles que não têm tempo para falar. E não têm! Que será que a televisão tem de mais importante para transmitir do que as mensagens daqueles que pretendem vir a governar o país, ainda para mais num momento de crise? A resposta é simples: telenovelas, talk shows, outros programas de entretenimento e jogos de futebol. As transmissões televisivas reprensentam um mercados de um valor incalculável, e portanto é inevitável que os canais se vejam cada vez mais como empresas que, como qualquer aluno de gestão aprende rapidamente, têm como objectivo principal o lucro. Mesmo as do Estado, infelizmente.

Deixem-nos falar...


Filipe Baptista de Morais

PS: Não estou de todo a criticar os moderadores (creio que em cima usei erradamente o termo apresentador, mas sou demasiado preguiçoso para o emendar) que apenas fazem o seu trabalho. De facto não estou a criticar ninguém em particular, apenas certos aspectos deste mundo que parecemos tão empenhados em construir.

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