domingo, 25 de agosto de 2013

Distracções

Há algum tempo deparei-me com esta notícia, sob o título "Os cérebros mais eficazes são os das pessoas mais distraídas". Como (quase) sempre, a minha primeira reacção foi um misto de curiosidade com incompreensão; o que é a eficácia de um cérebro? E como se mede?

Infelizmente a notícia não se alongava muito sobre e isso e, eventualmente por distracção, também não fui procurar mais informações. Aparentemente é algo que está ligado à memória operacional. Isto são excelentes notícias dado que de facto sou uma pessoa extremamente distraída. No entanto confesso que, do pouco que li, não consegui entender a relação. De facto sempre achei, talvez por experiência própria, que as pessoas distraídas nos detalhes do quotidiano o são por provavelmente estarem a pensar em algo mais importante (no seu entendimento, claro).  Isto por sua vez levaria a que, ao debruçarem-se novamente sobre um problema, partissem mais à frente visto que teriam feito grande parte do trabalho algo inconscientemente, correndo assim o risco de serem consideradas mais inteligentes ou eficazes (ambos termos para os quais nunca vi uma definição convincente neste contexto). De facto muitos dos grandes cérebros da história da Humanidade têm fama de serem particularmente distraídos ou desligados. É certo que não se pode descontextualizar as coisas, e em épocas onde a participação masculina nas lides domésticas se reduzia a comentar o jantar suponho que fosse fácil uma pessoa alhear-se dos problemas do quotidiano. Ainda assim, é um padrão que parece aparecer demasiadas vezes para ser ignorado.

A verificar-se esta história da memória operacional, contudo, representaria todo uma nova perspectiva sobre a dualidade distracção-eficácia cerebral. Talvez um dia já aprofundar os pressupostos, métodos e conclusões desse estudo e volte a escrever sobre o assunto. Se não me distrair.


Filipe Baptista de Morais

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