sábado, 19 de abril de 2014

Pedofobia Positiva

No Metro de 17 de Abril de 2014, na secção Correio do Leitor, foi publicada sob o título "Tiques pedofóbicos" uma forte crítica aos restaurantes e hoteis nos quais não é permitida a entrada de crianças. Segundo o indignado leitor, estes são "estranhos conceitos de gestão e discriminação ao serviço de uma burguesia que não procura sossego, mas que pretende viver fechada no seu egoísmo". O autor da rubrica vai ainda mais além, alegando que tais estabelecimentos violam o princípio da igualdade na Declaração dos Direitos da Criança.

Pessoalmente acho que se está a confundir diferenciação e especialização de oferta (de um serviço) com discriminação. E não me parece que tal viole princípio algum. Afinal, em quase todos estes espaços é proibida a entrada de animais domésticos já que, apesar de muitos os adorarem, é relativamente consensual que podem incomodar outros utentes. E não são poucos os hoteis e clubes nocturnos que exigem um dress code aos seus utentes. Isto não é discriminação, apenas especialização da oferta e particularização do público alvo.

E convenhamos que, por muito que se goste delas, as crianças podem ser deveras incómodas. Devo até dizer que tive pena que o indignado leitor/escritor não referisse o nome de nenhum desses estabelecimentos já que, ao procurar um hotel ou restaurante para uma noite especial, não me importaria certamente de pagar um extra para garantir  que o estabelecimento não teria crianças barulhentas. Penso que não sou burguês nem estou fechado no meu egoísmo mas sim que procuro sossego (será assim tão estranho?). Mas talvez esteja errado.


Filipe Baptista de Morais

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