Como adepto e praticante da modalidade achei que não podia deixar de comentar aqui os acontecimentos no final do US Open, de tão ricos e interessantes.
Em primeiro lugar, o comportamento da finalista derrotada Serena Williams. Mais uma vez a atleta teve um comportamento inqualificável, ao insultar descarada e repetidamente a árbitra de cadeira no encontro, provavelmente porque estar mal-disposta devido à grande tareia que estava a levar. Podem ver o vídeo aqui. Concorde-se ou não com a decisão da árbitra (a meu ver perfeitamente justificada, já que Serena claramente dá o grito de vitória antes de terminado o ponto, desconcentrando a adversária) o que se a passa a seguir não tem justificação. Serena a descarregar toda a raiva e frustração que o encontro lhe estava a causar de forma irracional na árbitra; ou então é simplesmente agressiva e arrogante por natureza. Numa grande campeã (como ela inegavelmente é) um pouco de classe nunca fica mal. Nisto Serena poderia aprender muito com Federer, Nadal ou mesmo com a maior parte das suas colegas do circuito feminino.
Em segundo lugar o encontro de Roger Federer com Novak Djokovic nas meias-finais. Federer a entrar bem e nos dois primeiros sets mostrou (mais uma vez) porque é considerado por muitos o melhor tenista de todos os tempos e continua a ser o preferido do público. Nos dois seguintes a facilitar um pouco, talvez um pouco displiscente como é frequentamente acusado, embora também não se possa tirar o mérito todo ao esforço e à subida de nível de Djokovic. O 5º set foi sem dúvida o mais interessante, com ambos os jogadores a darem o seu máximo para se deslocarem à final. E aqui se viu bem como o ténis vive de momentum e como tudo pode mudar de um momento para o outro. A servir para igualar o set (estava a perder 4-3) Djokovic vê o suiço dar uma madeirada, mas a bola cai dentro e Federer acaba por ganhar o ponto, arrancando aplausos da multidão que torcia por ele. Irritado por aplaudirem um ponto conquistado com sorte (há que reconhecer) e também provavelmente por o público claramente se inclinar para a vitória de Federer (apesar do seu estatuto de nº1 mundial) o sérvio manisfestou o seu desagrado ao público e perdeu muita da essencial concentração. Permitiu assim rapidamente o break ao adversário. A servir para ganhar o encontro Federer mantém o ascendente e rapidamente chega ao 40-15: duplo match point. E é aqui que tudo se transforma. Irritado e descrente na vitória, Djokovic responde ao serviço com uma displiscente agressiva padeirada na bola, que por sorte (mas lá está, é preciso talento para ter sorte...) ou destino beijou a linha, salvando assim o 1º de encontro. Já o segundo foi perdido pelo suiço, que tendo ocasião de fechar o encontro vê o seu ataque ir de encontro à tela e a bola a sair para fora. E pronto, perdendo dois match points desta maneira e certamente com o encontro do ano passado bem vivo na memória (em que Federer também perdeu com Djokovic em 5 sets, após desperdiçar 2 match points) o nº3 mundial cedeu à pressão, oferecendo o break com uma dupla falta. O resto do encontro ficou também selado com as dúvidas e os medos do suiço, que se revelou (compeensívelmente) inconsolável na conferência de imprensa. No entanto não concordo com os que criticam os seus comentários após o jogo, creio se revelou apenas sincero e honesto e que de modo nenhum foi incorrecto para com o adversário. Como sempre, um grande campeão. Mesmo na derrota.
Para terminar, a tão aguardada final masculina: Djokovic (1) vs Nadal (2). Quem diz que foi uma jogo desapontante pelo claro desiquilíbrio (e não são poucos os que o dizem) ou não viram o jogo ou não percebem nada de ténis. Confesso que não vi o 1º set, portanto é possivel que o parcial 6-2 reflita uma certa diferença de nível. Já o 2º e o 3º set, com os parciais de 6-4 e 6-7, foram de um nível estratosférico, do melhor ténis que já tive oportunidade de ver. Pontos extremamente disputados, bolas de um excelente nível com ambos os jogadores a deixarem tudo o que tinham no court. No 4º set o nível desceu devido ao (desumano) desgaste que os jogadores já tinham sofrido, mas ainda assim o parcial de 6-1 não reflecte o momento inicial em que Nadal quase consegue o break, e que poderia muito bem relançá-lo no encontro. Devo também dizer que nunca tinha visto o incansável Nadal tão cansado, nem desistir de uma bola como aconteceu no match point. Há que tirar o chapéu ao campeão, que o conseguiu deixar nesse estado mostrando porque lidera o ranking. Mas não podemos de modo algum dizer que foi uma final de apenas um sentido, isso seria um total desrespeito não só para com o runner-up Nadal, que deu tanto no court e jogou ténis de alto nível, como também para a própria modalidade em si, já que foram jogados alguns dos pontos mais emociantes e com maior entrega de sempre. De realçar também que o árbitro de cadeira neste extremamente importante (e também complicado de "apitar" ) encontro era o português Carlos Ramos.
Filipe Baptista de Morais
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
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Boa análise, sintéctica e consistente. Vê-se que é de uma pessoa que percebe de ténis e está dentro do assunto.
ResponderEliminarMuitos Parabéns!
Gonçalo