sexta-feira, 10 de maio de 2013

Lisboa Não É A Cidade Perfeita

Há poucos dias assisti ao concerto dos Deolinda no Coliseu de Lisboa. A vocalista apresentou-se com um visual muito diferente àquele que nos habituou ( já foi a terceira vez que os apanhei ao vivo ), descartando os habituais "vestidos de aldeia" por algo mais clássico. Eventualmente directrizes do novo produtor, ou consequência do recente crescimento internacional. Seja como for é inegávle que o enfoque continua na música, não se podendo confundir os Deolinda com as inúmeras bandas que vivem da sensualidade da vocalista.

Para além das excelentes e Portuguesas melodias (fruto dos talentosos instrumentistas) e da voz de fadista da vocalista (reconheça-se ou não o fado nas suas músicas) há ainda que dar mérito às letras, que do romance ao retrato social são sempre inspiradas e relevantes, não sendo apenas palavras escolhidas pelo seu som bonito. Divertidas perspectivas femininas, retratos da mentalidade tuga ou histórias de amor, é possível encontrar um pouco de tudo nas suas letras. É daí que canções como Pois Foi, Eu Não Sei Falar Amor ou A Problemática Colocação De Um Mastro têm espaço para nascer.

Não pude deixar de estranhar o facto de não cantarem Parva Que Sou, que é actualmente das suas canções mais populares e com receção mais efusiva do público. Na altura ocorreu-me que provavelmente pretendiam afastar-se um pouco do tumulto gerado em volta dessa canção, que já muitas vezes vem sendo utilizada como símbolo de uma tal revolução para acontecer. Creio que os Deolinda sentem que a sua canção está a ser mal interpretada e e explorada para fins com os quais não se identificam. Uma curta entrevista aos membros da banda que li posteriormente veio corroborar esta tese.

Como já vem sendo hábito nos concertos a que assisto, os artista decidiram não cantar uma canções que mais esperava ouvir. Neste caso falo de (Ainda Bem Que) Lisboa Não É A Cidade Perfeita. Sendo o concerto na cidade capital, fiquei de facto espantado por a omitirem no repertório.

Lisboa pode não ser a cidade perfeita. mas também não é má de todo. Foi já considerada como o melhor destino turístico para 2013, e não podemos atribuir o galardão unicamente aos baixos preços praticados em solo Português. É inegável que a cidade tem um encanto próprio muito especial. Recentemente decidi (voltar a) ser turista na minha própria cidade, de modo a re-descobrir os seus atractivos. Comecei por visitar o Castelo de São Jorge e, comparando com outros pontos turísticos de cidade que visitei recentemente (Bruges/Gent/Antuérpia/Bruxelas, Helsínquia, Oslo ) devo dizer que não lhes fica a dever. Fica a promessa de lá voltar ao pôr do solo, que deve ser realmente espectacular. Entretanto há muito mais para ver, mas tem faltado tempo... mas farei os possíveis para não cair num Movimento Perpétuo Associativo.


Filipe Baptista de Morais

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