segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Os Maiores

Muito recentemente li esta curta notícia, referente aos rankings das escolas nacionais e ao (mais uma vez) excelente resultado que a minha antiga escola (Academia de Música de Santa Cecília) atingiu. Pois bem, está claro que somos os maiores, nada de novo aí, mas para não deixar tristes todos os infelizes jovens que não tiveram oportunidade de a frequentar decidi deixar aqui alguns apontamentos sobra a minha experiência no estabelecimento.

Em primeiro lugar, é uma escola bastante pequena, tendo no meu tempo cerca de 600 alunos espalhados pelos 12 anos. Quem "dá uns toques" a estatística sabe que pequenas amostras têm uma tendência natural para figurar nos extremos das tabelas. Não é disso que se trata no entanto, já que a AMSC figura consistentemente nos lugares cimeiros dos rankings.

Que tem então de tão fascinante? Os professores, de facto, não são maus de todo. Acredito que tal deva ser mais fácil de atingir num colégio privado, em que as contratações e despedimentos são francamentos mais simples, do que numa colégio público. Mas mais do que escolher professores, podem-se escolher alunos. Em primeiro lugar, através das elevadas mensalidades. Digam o que dizerem, e embora ninguém goste de o reconhecer, continua a ser mais fácil para uma criança ter um bom desempenho escolar quando vem de uma família "privilegiada". Posto isto, é ainda possível dar um "empurrãozinho" para que aquele aluno mais problemático que está a estragar as estatísticas ao colégio parta em buscar de novos ares.

Estudar numa escola pequena tem outra desvantagem, que é a aparentemente exponencialização dos níveis de cuscovelhice, que parecem atingir também os professores. O limitado número de colegas também leva a alguma limitação nas nossas amizadas e perspectivas, principalmente tendo em conta que tipicamente todos partilham um background relativamente semelhante.

Nada que não se corrija no futuro no entanto, e devo dizer que não me arrependo de ter frequentado a academia por quinze anos e que a recomendaria sem grandes descargos de consciência. Como em tudo na vida, tem as suas vantagens e desvantagens. Somos os maiores? Talvez. Mas é importante perceber porquê e à custa do quê.


Filipe Baptista de Morais

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