sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um mundo à parte

Às vezes é chato ser-se engenheiro electrotécnico. Suponho eu, visto que apenas posso dizer que às vezes é chato ser-se estudante de electrotecnia. É que o nosso trabalho, apesar de bastante útil e necessário para a população em geral, não gera propriamente os melhores temas de conversa.

É sempre interessante ouvir os casos mirabolantes de um advogado, as acrobacias milagrosas de um economista ou os doentes mais marados que aparecem no consultório do médico. Agora tentem explicar à miúda gira da festa como projectar um controlador em espaço de estados ou o que é um algoritmo genético e observem (e já agora aprendam com) a sua reacção. Parece que vivemos num mundo à parte cheio de palavras e conceitos estranhos que ninguém entende. É por isso que é tão importante mantermos as ténues ligações que temos ao mundo real, como sejam a política e o futebol. De resto temos que aceitar a realidade que nos é imposta: ninguém quer saber aquilo que fazemos, apenas aquilo que conseguimos fazer acontecer.

Isto é também verdade a nível profissional, em que por vezes parece existir uma estranha disparidade entre o que aprendemos e aquilo que realmente serve para alguma coisa. Parece que ninguém sabe muito bem aquilo que sabemos fazer, enquanto que a gente não sabe muito bem aquilo que querem que façamos. É precisamente aqui que entram a criatividade e a imaginação. E estas não são, geralmente, fruto de um indivíduo isolado fechado no seu mundo mas sim de um agregado de pessoas com backgrounds diferentes. Às vezes as melhores ideias podem surgir dos mais singelos desabafos de café entre um jardineiro e um engenheiro.

Filipe Baptista de Morais

4 comentários:

  1. Um tema de conversa é interessante ou não conforme tu consegues demonstrar o teu interesse pelo assunto e adaptar o discurso à audiência...
    Obviamente ninguém numa festa social quer saber como projectar um controlador ou programar um algoritmo iterativo, no entanto, se falares do que consegues fazer com isso já é diferente.

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  2. Não deixa de ser diferente, mas olha que já me perguntaram (directamente) o que é que era um algoritmo genético e confesso que o resultado foi muito engraçado xD

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  3. Concordo com o Diogo na parte em que diz "se falares do que consegues fazer com isso já é diferente". Há muitas pessoas (abrangentemente) interessantes que são engenheiras de formação (TEDTalks é uma prova disso). Há é também pessoas aborrecidas de formação. Não penso que se devam confundir as duas.

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  4. o Mr.Bean é engenheiro electrotécnico :P

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